Tecto para apoios sociais pode agravar "de forma inaceitável" situação das famílias - CES

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 24 out (Lusa) -- O Conselho Económico e Social (CES) considera "insuficiente" o orçamento previsto para a Segurança Social e avisa que a criação de um teto para a atribuição de prestações sociais poderá agravar "de forma inaceitável" a situação das famílias.

"É com particular preocupação que o CES vê incluído na proposta do Orçamento do Estado 2015 (OE 2015) a criação de um teto para a atribuição de prestações sociais não contributivas", refere a segunda versão do projeto de parecer do CES sobre o OE2015, ao qual a Lusa teve hoje acesso.

O documento, cujo relator é o conselheiro João Ferreira do Amaral, refere que "uma vez que já existem normas que impedem a acumulação de prestações sociais do regime não contributivo (à exceção do abono de família) e na falta de esclarecimento adicional, admite o CES que este teto abranja outros apoios -- nomeadamente em género -, prestados pelos municípios e pela Segurança Social".

O CES alerta para o facto de a aplicação de um teto sobre "as prestações sociais substitutivas do rendimento do trabalho", conforme pode ler-se na proposta do OE2015, incidir sobre "uma camada de população extremamente fragilizada e de baixíssimos recursos económicos, pelo que, num período de aumento da pobreza (incluindo entre aqueles que têm emprego), poderá agravar de forma inaceitável a situação de muitas famílias".

No projeto de parecer, o CES considera igualmente que o orçamento previsto para a Segurança Social em 2015 "reflete uma insuficiente dotação das políticas sociais", desde logo, "pela estagnação do montante previsto para o pagamento das pensões e pela não atualização da grande maioria destas com exceção das mais baixas que terão uma atualização de apenas 1%".

Quanto ao subsídio de desemprego, o OE2015 prevê uma queda de 10,5% na respetiva dotação, "o que poderá traduzir-se numa redução adicional dos apoios aos desempregados caso o desemprego não venha a reduzir-se conforme o previsto no cenário macroeconómico", avisa o CES.

Em conclusão, o CES lamenta que o prolongamento da política de austeridade, num contexto de dificuldade em reduzir sustentadamente a despesa do Estado, tenha impedido que o Orçamento do Estado agora proposto contribua para o relançamento do crescimento económico por via da redução da carga fiscal sobre as empresas e as famílias, podendo inclusivamente vir a pôr em causa as estimativas apresentadas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e para a redução do desemprego.

À semelhança do que referia o primeiro projeto de parecer do CES, ao qual a Lusa teve acesso e que noticiou na quinta-feira, CES avisa que poderá estar em causa a meta do défice orçamental de 2,7% do PIB para 2015, em parte também devido "ao impacto potencialmente negativo do OE2015 sobre o rendimento disponível" das famílias, "superior ao que resultou do OE 2014" e que não potencia o crescimento do consumo privado.

Este segundo projeto de parecer irá sofrer alterações tendo em conta os contributos dos parceiros sociais que integram Comissão Especializada Permanente de Política Económica e Social (CEPES).

O documento final será aprovado no plenário do CES, na Assembleia da República, em data a definir.

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