"O homem que era Salazar", conto de autor anonimo, é apresentado quinta-feira

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 14 out (Lusa) -- O conto de autor anónimo "O homem que era Salazar" é apresentado na quinta-feira, em Lisboa, numa mesa-redonda na Associação 25 de Abril, com a participação do coronel Otelo Saraiva de Carvalho, entre outros.

A narrativa do conto começa quando um ator que encarnava a figura do antigo presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar, na peça "Ó tempo volta para trás", decide ir jantar a um restaurante de luxo na baixa lisboeta, com o figurino de cena.

A ironia inicial do chefe de sala, que trata o ator como se fosse Oliveira Salazar, é reforçada por um cliente, que se reunira com o presidente do conselho, em 1956, que o cumprimenta e com o qual conversa, não deixando nunca o ator de se manter na personagem, usando até "a voz fina que caracterizava" o político.

Esta cena toma outras proporções, quando uma anónima "bloguista" decidiu dar conta na "blogosfera" do que assistira: "Acabei de chegar do restaurante onde também esteve a jantar o ditador António de Oliveira Salazar", escreveu a "blogger" que esclareceu: "Não estou louca, não bati com a cabeça nem comi daqueles cogumelos que provocam alucinações coloridas".

O assunto do suposto "regresso" do presidente do Conselho, que governara o país de 1936 até finais da década de 1960, cresceu na meios de comunicação e motiva uma crónica num diário nacional, na qual, respondendo ao desafio da "blogger" - "o que nos diria Salazar hoje" - se afirma: "Antes 40 anos de má gestão, com políticos corruptos, mas que podemos expulsar com o nosso voto, do que 40 minutos sequer debaixo da sua ditadura".

"Portugal estava dividido entre saudosistas do Estado Novo descrentes na democracia que, apesar de todos os defeitos visíveis que se vive na sociedade, ainda acreditam em soluções democráticas", escreve o autor do conto, publicado pela Planeta Editora.

A mesa-redonda de apresentação, na quinta-feira, às 18:30, na Associação 25 de Abril, na rua da Misericórdia, ao largo da Trindade, em Lisboa, conta com a participação de Otelo Saraiva de Carvalho, um dos operacionais do golpe de Estado que restituiu a democracia a Portugal, do jornalista Henrique Monteiro, autor do romance "Papel Pardo", cuja ação se desenrola nos últimos anos de Salazar, e do historiador António Costa Pinto.

Numa nota explicativa, o autor de "O homem que era Salazar" afirma que este conto é "uma parábola inspirada numa história real", e cita o facto verídico ocorrido no final da década de 1980, quando o ator Pedro Montoya interpretava a figura de Simão Bolívar, artilheiro da libertação da América do Sul, e os camponeses se acercavam dele e lhe pediam coisas como se se tratasse, de facto, do próprio "libertador".

Este assuntou foi retomado posteriormente no cinema pelo realizador Jorge Ali Triana, no filme, "Bolívar Soy Yo".

O autor reconheceu que podia ter escolhido D. Afonso Henriques ou "o sempre desejado D. Sebastião", mas seriam "as soluções mais óbvias". Pensou também no rei D. Carlos, assassinado em 1908, e em D. Manuel II, que foi destronado em 1910 e morreu no Reino Unido em 1932. "No entanto, a figura do ditador foi aquela que surgiu como a mais presente no imaginário nacional pós-25 de Abril".

A "nota explicativa" do autor anónimo de "O homem que era Salazar" data de 24 de abril de 2014.

NL // MAG

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