Seguro critica Passos por não pedir desculpa pela "crise" no seu Governo

Seguro critica Passos por não pedir desculpa pela "crise" no seu Governo
| Política
Porto Canal

O secretário-geral do PS acusou hoje o primeiro-ministro de não assumir as suas responsabilidades pela crise interna no Governo, ignorando um pedido de desculpas, e Passos criticou Seguro por se remeter à trica política.

Esta troca de críticas entre António José Seguro e Pedro Passos Coelho abriu o período de interpelações do debate sobre o 'estado da Nação', com o líder socialista a considerar que o atual executivo se encontra "em estado de decomposição, desagregação e a prazo".

"O Governo está em funções mas objetivamente sem condições. Ao contrário do que disse o primeiro-ministro [na intervenção inicial], não basta ter maioria parlamentar para garantir a estabilidade política. Sem maioria parlamentar não há estabilidade política, mas ela é apenas condição necessária e não condição suficiente", sustentou Seguro.

António José Seguro referiu-se depois à demissão do ex-ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, e ao pedido de demissão (depois não concretizado) do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, frisando que ambos fizeram críticas ao líder do executivo.

"O país esperava que o primeiro-ministro subisse à tribuna e assumisse as suas responsabilidades, não fazendo mais do que seguir o exemplo do seu ex-ministro das Finanças, que se demitiu através de uma carta que quis tornar pública e em que disse claramente que tinha falhado. Depois, quando o senhor primeiro-ministro se preparava para dar posse à sua nova ministra das Finanças [Maria Luís Albuquerque], o país foi surpreendido uma hora antes com o anúncio do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, dizendo que não aguentava tanta dissimulação", apontou o líder socialista, que deixou depois uma questão a Passos Coelho.

"Após estas ocorrências, como consegue o primeiro-ministro vir aqui ao parlamento e não ter uma justificação perante os deputados, em relação aos quais depende? Tem um ministro dos Negócios Estrangeiros que diz que a sua demissão é irreversível, irrevogável, e dois dias depois, sem uma explicação ao país, aceita ser ministro aparentemente de outra pasta. Qual é a credibilidade que o seu Governo pode ter quando representa Portugal nas instituições europeias ou em negociação com os nossos credores? Qual a confiança que os investidores, as empresas e os cidadãos em geral podem ter no seu Governo?", perguntou ainda António José Seguro, num discurso que foi depois longamente aplaudido pela bancada do PS.

Pedro Passos Coelho respondeu, sugerindo que Seguro poderia ter utilizado o seu tempo de discurso "a falar daquilo que consideraria importante e não do acessório".

"O senhor deputado [António José Seguro] teve hoje uma grande oportunidade para demonstrar que estava realmente preocupado com o futuro do país, mas a dimensão da sua preocupação não passou da trica política", contrapôs o líder do executivo, recebendo palmas das bancadas da maioria PSD/CDS.

Ainda em resposta a Seguro, Pedro Passos Coelho negou que a crise nacional se possa situar nos episódios da sua governação, mas antes em causas profundas.

"A crise que é importante não é a crise que foi aberta pelo pedido de demissão do senhor ministro Paulo Portas, mas a que fez com que ao fim de tantos anos o país não seja capaz de criar equilíbrio nas contas públicas, saber separar devidamente o que é público e privado e de ter uma noção do que pode ser a sustentabilidade da sua dívida pública. Um país que se viu na obrigação de pedir um resgate financeiro é um país que valoriza a boa governação?", questionou Passos, ainda dirigindo-se ao líder socialista.

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