Partidos unidos na necessidade de comissão parlamentar de inquérito ao BES
Porto Canal / Agências
Lisboa, 19 set (Lusa) - Todos os partidos com assento parlamentar mostraram-se hoje favoráveis à criação de uma comissão de inquérito ao caso BES, proposta do PCP que será votada e aprovada no final da manhã.
"Propomos esta comissão de inquérito com o objetivo de obter todos os esclarecimentos sobre esta situação que envolve o BES e o GES, sem limitações ou obstáculos, mas também com a intenção de retirar desses esclarecimentos as devidas consequências", disse o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, na apresentação da proposta de inquérito parlamentar.
O PCP, prosseguiu o seu chefe de bancada, intervirá neste inquérito "com o objetivo de fazer com que dele resultem também as medidas que garantam que a banca e todo o setor financeiro são colocados ao serviço do povo e do país".
A proposta comunista foi debatida durante cerca de meia hora no arranque dos trabalhos de hoje no parlamento, e será votada - e aprovada - no final da manhã, já que todos os partidos se mostraram favoráveis durante o debate à criação do inquérito.
À direita, Duarte Pacheco, do PSD, sublinhou que o partido "não tem qualquer reserva" à formação da comissão de inquérito, advertindo que esta "deve merecer o trabalho árduo e profícuo de todos os deputados".
"Esperemos que as autoridades judiciais façam o seu papel, que tenham a coragem de ir até ao fim em tempo útil", disse também o parlamentar.
Já Cecília Meireles, do CDS-PP, diz que apurar todos os factos em torno do BES é "fundamental" e os centristas terão uma postura de "responsabilidade" e "determinação" durante os trabalhos".
"É uma comissão de inquérito que é feita porque há perguntas que não podem, não devem, e não vão ficar sem resposta", declarou.
O PS, pelo deputado António Braga, advertiu que os trabalhos não podem ser dissociados de uma avaliação sobre o programa de ajustamento, e enalteceu o caráter amplo que a comissão de inquérito poderá atingir.
"[A comissão] Permitirá apurar respostas a todo um conjunto de questões colocadas no projeto do PCP mas também num âmbito mais alargado que certamente atingirá", sustentou o socialista.
Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda (BE), lembrou a ligação do BES com os diferentes governos de Portugal para dizer que "nenhuma responsabilidade deve ficar impune" e se deve "ter a coragem de ir até ao fim" na procura de respostas, enquanto José Luís Ferreira, do partido ecologista "Os Verdes", disse que há "muito por esclarecer" num processo que "conta com a utilização de 4,9 mil milhões de euros de dinheiros públicos e, portanto, dos contribuintes".
No dia 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.
No chamado banco mau ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES mas que está em liquidação, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas.
No 'banco bom', o banco de transição que foi chamado de Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.
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