EX-PGR Pinto Monteiro contra "cedência muito fácil" a terceiros da lista de pedófilos

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 02 set (Lusa) - O ex-Procurador-geral da República (PGR) Pinto Monteiro defendeu hoje um "controlo extremamente rigoroso" no acesso à chamada lista de pedófilos e considerou que a proposta do Governo "está a fazer uma cedência muito fácil" nesse domínio.

Fernando Pinto Monteiro comentava, em declarações à agência Lusa, a proposta do Ministério da Justiça que permite que quem exerça responsabilidades parentais sobre menor até 16 anos de idades possa, à semelhança dos juízes e do Ministério Público, aceder à informação sobre identificação criminal de pessoas condenadas por crimes sexuais contra menores.

Para o efeito, e segundo o diploma a que a Lusa teve acesso, os responsáveis parentais de menor até 16 anos devem dirigir-se à autoridade policial da área da sua residência, solicitando que lhes seja prestada informação sobre a identidade e domicílio de arguido cuja identificação conste do registo de identificação criminal e que tenha domicílio na área de residência do requerente ou na área onde se situe o estabelecimento de ensino frequentado pelo menor sobre o qual exerça responsabilidade parentais.

O antigo PGR alerta que é preciso ter uma "cautela extrema" sobre a quem é fornecida a chamada lista dos pedófilos porque, senão, essa lista aparece na primeira página de um jornal e isso é basicamente condená-los à morte: "Nunca mais têm emprego, nunca mais têm nada".

Pinto Monteiro reconhece a importância da prevenção e proteção dos menores contra este tipo de crime que impressiona a sociedade portuguesa, mas entende que tem de haver uma "cautela extraordinária" em não divulgar a qualquer pessoa essa lista, porque, então, no mínimo haverá "janelas partidas" e o visado "nunca mais" terá emprego.

Sobre o facto de os pais do menor de 16 anos serem obrigados a "guardar segredo" sobre as informações recolhidas na base de dados sobre pedófilos, o ex-PGR contrapôs que "em Portugal não há segredo de justiça nenhum" e que "ninguém liga nada ao segredo", pelo que se um pai ou tio de uma criança aceder à lista de pedófilos há fortes probabilidade de os nomes aparecerem, a seguir, nas páginas de um jornal.

"O que defendi e defendo é que só podem ter acesso à lista dos pedófilos quem mostrar legitimidade para tal, sob rigoroso segredo", disse Pinto Monteiro, observando que o acesso só devia ocorrer com "autorização de um juiz" e depois deste "ponderar muito bem se há realmente interesse legítimo" de quem faz o pedido para aceder à informação criminal.

Considerou assim "muito arriscado" que a lista seja facultada a terceiros que não o MP e os juízes envolvidos na investigação criminal.

A proposta de lei, que transpõe uma diretiva da União Europeia e procede a alterações ao Código Penal, prevê a criação de um registo de identificação criminal de condenados por crimes sexuais contra menores como medida destinada à proteção da criança e prevenção e minimização dos riscos da prática deste tipo de infrações.

O diploma reforça ainda o controlo na contratação dolosa de pessoas punidas por tais crimes, proibindo, por um período entre 5 e 20 anos, ao condenado de exercer profissão, emprego, funções ou atividades públicas e privadas, ainda que não remuneradas, cujo exercício envolva contactos com menores.

A proposta do Governo irá receber ainda pareceres de diversas entidades antes de seguir o processo legislativo. Contactados pela Lusa, o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) e a Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) não quiseram, para já, comentar o teor do documento.

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