Novas estradas podem mexer na Saúde de Bragança, autarcas contestam

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Porto Canal / Agências

Bragança, 05 jul (Lusa) -- O presidente da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, António Marçôa, admitiu hoje repensar a oferta de consulta aberta e serviços de urgência onde as novas estradas eliminarem as dificuldades de acesso das populações.

O responsável pelo organismo que congrega todos os hospitais e centros de saúde do Nordeste Transmontano ressalvou que "não está prevista nenhuma alteração ainda, mas pode acontecer efetivamente".

O presidente da ULS vincou que falta estudar se a conclusão do IP2, IC5 e Autoestrada Transmontana alteraram os pressupostos da atual rede de serviços, baseada na dificuldade de acessibilidade da população dispersa por um extenso território.

Os autarcas do Distrito de Bragança assinaram, em 2007, protocolos com a Administração regional de Saúde (ARS) Norte, que garantiam, em troca do encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) consulta aberta nos centros de saúde, o reforço da rede de emergência pré-hospitalar e das urgências.

"Nunca esteve no espírito dos protocolos que poderia diminuir ou retirar ainda mais serviços", afirmou à Lusa Berta Nunes, presidente da Câmara de Alfândega da Fé e antiga responsável pela sub-região de Saúde de Bragança.

A autarca socialista acusa a ULS de prosseguir uma política "hospitalocêntrica" que contraria as orientações do Ministério da Saúde, cortando serviços nos centros de saúde para reforçar os hospitais.

Mesmo com novas estradas, Berta Nunes alertou que a diminuição de serviços de proximidade agrava a acessibilidade das populações numa altura em que "os transportes não estão a ser pagos aos doentes".

A hipótese levantada pela ULS é "completamente absurda" para o social democrata António Branco, presidente da Câmara de Mirandela, que pôs o Ministério da Saúde em Tribunal, alegando que não estar a cumprir os protocolos no que toca à urgência médico cirúrgica do hospital da cidade.

"Foi por se construir a CREL, a A29 ou a VCI que foi alterada a rede de urgências em Lisboa ou no Porto? Então porque é que em Trás-os-Montes é diferente", questionou.

António Branco defende que "não há alteração das condições" que estiveram na base dos protocolos e responde à ULS do Nordeste citando o despacho do juiz que deu origem à ação que a Câmara de Mirandela tem em Tribunal: "ninguém obrigou o Ministério da saúde a assinar os contratos e para serem alterados tem de ser bilateralmente".

O responsável pela ULS do Nordeste, António Março, reconhece que a região "tem especificidades" que é necessário ter em conta e que eventuais alterações nunca podem ser realizadas com base "apenas em números".

"Mesmo com as novas estradas eu, se quiser ir de Bragança a Freixo de Espada à Cinta, ainda demoro uma hora e tal", declarou.

"Abriram o IP2 e o IC5 e ainda não notou que não é necessária a consulta aberta", acrescentou.

O principal hospital da região, o de Bragança, situa-se a mais de uma hora de parte significativa da população, a mesma distância a que se encontra a única Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER).

A população conta ainda com o helicóptero que o INEM quer deslocar de Macedo de Cavaleiros para Vila Real e que os autarcas impediram com uma ação em tribunal, ainda que provisoriamente.

Os três hospitais da região situam-se no eixo da A4, a nova Autoestrada Transmontana, a 15 minutos uns dos outros, onde se concentra metade da população. A restante tem no centro de saúde o serviço mais próximo.

HFI // MSP

Lusa/fim

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