Demissão de Costa coloca Orçamento do Estado num impasse. País pode viver em regime de duodécimos 

Demissão de Costa coloca Orçamento do Estado num impasse. País pode viver em regime de duodécimos 
| Economia
Porto Canal

A demissão de António Costa, apresentada esta terça-feira, arrisca-se a lançar o país num impasse e clima de incerteza, tendo em conta a proposta do Orçamento do Estado aprovada na generalidade, mas ainda por discutir e aprovar na especialidade. Portugal arrisca-se assim a viver o cenário de há dois anos, quando, em 2022, as finanças públicas acabaram por ser geridas até Julho em regime de duodécimos.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem assim o futuro do país nas mãos, tendo duas opções: nomear outro primeiro-ministro ou dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições. De acordo com este último cenário, o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) perde validade e o país entra num regime de duodécimos.

Este é um regime no qual, em cada mês, o Governo demissionário apenas pode gastar 1/12 da despesa prevista no Orçamento do Estado para 2023, até à aprovação de novo orçamento. O Governo fica limitado 'à prática dos atos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos', o que se traduz em inevitáveis constrangimentos à gestão das contas públicas, segundo a organização de defesa do consumidor.

É isso que pode passar a acontecer a partir do próximo dia 1 de Janeiro caso um novo orçamento não seja aprovado até ao final do ano.

Em causa poderão ficar medidas de alívio das finanças das famílias como a redução das taxas e a actualização dos escalões do IRS ou a bonificação dos juros dos créditos à habitação, com valores estimados de 1327 milhões e 170 milhões, respectivamente.

António Costa apresentou a demissão de primeiro-ministro ao Presidente da República na terça-feira depois de o Ministério Público ter anunciado que é alvo de inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.

 
 
 
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Declarando-se de "cabeça erguida" e "consciência tranquila", defendeu, no entanto, que "a dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade, a sua boa conduta e, menos ainda, com a suspeita da prática de qualquer ato criminal".

Na terça-feira, foram realizadas buscas em gabinetes do Governo, incluindo na residência oficial de São Bento, visando o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, que foi detido para interrogatório.

António Costa apresentou a demissão ao fim de quase oito anos em funções como primeiro-ministro, cargo para o qual foi empossado em 26 de novembro de 2015 pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

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