Prioridade aos peões no centro do Porto. Câmara quer “devolver” arruamentos aos moradores e peões

Foto: Miguel Nogueira | Porto.
| Porto
Porto Canal / Agências

A Câmara do Porto quer garantir que os arruamentos do centro da cidade serão “devolvidos” aos moradores e peões e que a “transformação da mobilidade da cidade”, relacionada com a futura rede de metro, é acompanhada de meios suaves.

Em causa está o projeto Rede 20 apresentado esta terça-feira pela autarquia que se traduz numa rede de percursos prioritários para peões, bicicletas e trotinetes que abrange cerca de 30 quilómetros de arruamentos e estabelece, em alguns, uma velocidade máxima de circulação automóvel de 20 quilómetros por hora.

Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse que “é preciso garantir que a cidade tem uma função multiúsos e não monousos”.

“Os automobilistas vão ter de perceber que vão ter de circular a velocidades que compatibilizem o uso do automóvel, que nós não queremos inibir, com os meios suaves. Estamos a devolver as ruas da cidade e o espaço público aos cidadãos”, disse Rui Moreira.

Numa apresentação precedida por um percurso a pé desde o Largo Amor de Perdição até à rua da Vitória, mesmo no ‘coração’ do Porto, o autarca disse que “o conjunto de investimentos que estão a ser desenvolvidos pela Metro do Porto vão fazer com que a mobilidade na cidade se transforme completamente”, razão pela qual quer “preparar uma rede mais fina de arruamentos”.

“A população mais idosa, que ainda se lembra de poder andar pelas ruas sem carros a apitar, e os mais jovens, que têm uma visão muito diferente e muitos nem têm carro nem querem ter, são os que achamos que vão gostar mais desta iniciativa”, comentou.

O projeto Rede 20 vai incidir no centro da cidade, num polígono com 2,4 quilómetros quadrados definido pelas ruas Álvares Cabral e Gonçalo Cristóvão (a norte), ruas da Restauração, D. Manuel II, Maternidade, Boa Nova e Boa Hora (a poente), e pelas ruas da Alegria e Fontaínhas (a nascente).

A pedonalização dos arruamentos, a expansão das Zonas de Acesso Automóvel Condicionado (ZAAC) existentes e a constituição de ruas de partilha com a limitação da velocidade de máxima de circulação permitida para 20 quilómetros por hora serão algumas das medidas a implementar.

Rui Moreira deu como exemplo a Rua de Santa Catarina para explicar o objetivo, lembrando que esta artéria é pedonal, mas prevê o acesso a cargas e descargas, carros de recolha do lixo e veículos de emergência.

“A pedonalização total das ruas tem de ser muito prudente. Há cidades apenas residenciais, outras com ruas apenas comerciais e outras de escritórios. A nossa cidade, tem, em cada rua, um conjunto de atividades muito diverso. Dificilmente podemos fazer uma pedonalização absoluta, exceto nos parques e jardins”, disse.

Já quando questionado sobre de que forma pretende fiscalizar a adesão dos automobilistas a estas medidas, Rui Moreira lembrou o papel da Polícia Municipal e da PSP, mas garantiu: “Não tomamos estas medidas a pensar em multar pessoas”.

“Esperamos que a sinalética tenha efeito pedagógico. Presumimos que a população vai aderir”, acrescentou.

A Rede 20 será implementada de forma gradual, prevendo-se que esteja concluída em três anos.

Nos arruamentos será garantido o estacionamento para os moradores e para os veículos de cargas e descargas.

No total, o programa inclui 51,4 quilómetros de arruamentos, sendo que destes 21,8 quilómetros são destinados a rede automóvel e 29,6 quilómetros a rede de mobilidade suave.

Otimista quanto à adesão a estas medidas, Rui Moreira contou que a experiência com a ZAAC da Ribeira “foi para os moradores uma solução ótima”, porque estes “queixavam-se muito da permanente interferência de automóveis e queria reapropriar-se do seu espaço”.

Já o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha garantiu que o estacionamento para cargas e descargas e para moradores está assegurado no plano.

“Estas zonas, tendencialmente, vão deixar de ter estacionamento banalizado”, concluiu.

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