Repressão policial leva consumidores de droga para Campanhã
Porto Canal
A repressão policial junto no Bairro da Pasteleira Nova, fez com que a droga e, consequentemente, os consumidores, se movessem de bairro em bairro, avança o Jornal de Notícias (JN). Campanhã torna-se, novamente, o epicentro da droga, juntamente com alguns bairros próximos da Pasteleira.
Ao JN, o assistente social e coordenador da equipa de rua da Arrimo, Organização Cooperativa para Desenvolvimento Social e Comunitário, Abílio Menezes, afirma que a mudança é “muito grande”.
Em maio, a equipa de rua da Arrimo contactou com 312 utentes. Em março, antes da repressão policial afastar o tráfico e consumo da Pasteleira, eram 95.
Segundo o assistente, o problema não está apenas nos consumidores que seguem o tráfico. Com estes, surgem, também, “estratégias de sobrevivência – furtos, trabalho sexual, recolha de lixo que possa render algum dinheiro”, facto que “incomoda a comunidade”.
Ao JN, a enfermeira da sala de consumo assistido da Arrimo junto à Pasteleira, Inês Antunes, afirma que a intervenção da PSP faz com que haja “maior fluxo entre os bairros”, o que faz com que se perca a continuidade nos cuidados prestados a nível de saúde e social.
A missão da Arrimo é sobretudo a de reduzir riscos e danos do consumo. No entanto, o grande objetivo da associação é a reinserção das pessoas. Os custos de habitação, porém, são um obstáculo na meta. “O Porto está nas mãos dos turistas e vive numa lógica da economia de mercado. Se for essa a aposta, o município tem de estar preparado para as consequências”, revela Abílio Menezes.
Jorge Rocha, direção da Arrimo, aponta que é “urgente, uma política concertada de redução de riscos, inexistente desde o fim do Instituto da Droga e Toxicodependência”.