Estaleiros: PCP diz que relatório iliba Governo e propõe que empresa regresse ao Estado
Porto Canal / Agências
Lisboa, 1 jul (Lusa) - O PCP considerou hoje que o projeto de relatório da comissão de inquérito aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) "iliba o atual Governo" e anunciou que vai propor a reafectação da empresa no domínio público.
"O relatório quis aligeirar as responsabilidades do Governo e da atual maioria neste processo. É um relatório que elimina as responsabilidades do governo neste processo de liquidação de um setor que é fundamental que é o setor da construção e reparação naval", afirmou Carla Cruz.
A deputada do PCP reagia à divulgação do projeto de relatório da comissão de inquérito para apuramento das responsabilidades pelas decisões que levaram à subconcessão dos ENVC, elaborado pela deputada do PSD Ângela Guerra.
A deputada comunista considerou que o relatório "chega ao absurdo de apontar o excesso de trabalhadores como uma das causas para este desfecho", referindo-se à extinção da empresa e subconcessão dos terrenos e infraestruturas.
"O PCP considera que esta foi uma má decisão. O que defendemos é a reversão deste processo. O que a comissão de inquérito demonstrou de facto foi a importância deste setor para a economia nacional, para a economia da região", afirmou, propondo a "reinstalação dos ENVC na esfera pública".
A deputada criticou uma das principais conclusões do relatório, que refere que o atual Governo "não teve qualquer alternativa" quanto à forma de lidar com os auxílios estatais à empresa, que classifica como "ilegais".
Para a deputada Carla Cruz, "havia alternativa" e a comissão de inquérito demonstrou que "o Governo não fez tudo" o que podia e que "baixou os braços".
"O Governo tinha mecanismos. Se avançasse com a construção dos navios de patrulha Oceânica, e com a programação [da construção] militar para justificar ajudas de Estado. O governo optou por não fazer e para encontrar aí o alibi para justificar a ideia inicial, a privatização dos ENVC e a sua liquidação enquanto empresa nacional", acusou.
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