Costa Rica confirma grande talento
Porto Canal
A Costa Rica, com um excelente jogo de contenção a meio campo, empatou hoje sem golos com a Inglaterra, em Belo Horizonte, cumprindo os objetivos de manter o primeiro lugar no grupo D do Mundial de futebol.
Os "Ticos" sabiam que o empate os colocava no comando final do seu grupo e fizeram por isso, ante uma Inglaterra bastante digna no adeus ao Mundial (duas derrotas tangenciais e um "nulo"), já a pensar na renovação da equipa, mesmo continuando Roy Hodgson mais dois anos.
Os jovens Ross Barkley, Luke Shaw e Milner foram lançados na equipa, enquanto Wayne Rooney e Gerrard ficavam no banco da seleção dos três leões. A ideia parecia mesmo ser começar já a pensar no futuro e deixar o Mundial com a cabeça levantada.
A saída com orgulho foi minimamente conseguida. A Inglaterra foi quem melhor se entendeu com o futebol rápido e objetivo da Costa Rica, decididamente a surpresa mais positiva do Mundial.
Sobretudo na segunda parte, os ingleses foram perigosos e por várias vezes podiam ter chegado ao golo - destaque para lances de Sturridge (49 e 65) e Shaw (59).
A Costa Rica, ciente de que o empate lhe servia - e até a derrota, face ao resultado do Uruguai-Itália - nunca vacilou e também teve bons apontamentos ofensivos, como o remate de Borges aos 23 minutos, com Foster a desviar a bola para a trave.
Desde 1958 que a Inglaterra não ficava pela primeira fase do torneio. Volvidos mais de 50 anos, de novo passa por uma fase má, apesar de ficar a sensação de que tem material humano em condições para render Lampard, Gerrard ou mesmo Rooney.
Frank Lampard, 106 vezes internacional, poderá ter-se despedido da seleção e Gerrard, entrado no jogo para o lugar de Wilshere, também é apontado como colocando um ponto final na sua brilhante carreira. Rooney, um pouco mais novo, terá de lutar para manter o lugar, face ao assédio dos jogadores mais jovens.
Em verdadeiro estado de graça, a Costa Rica sobrevive no verdadeiro "grupo da morte" em que era consensualmente apontada como quarta equipa, atrás dos antigos campeões mundiais Inglaterra, Itália e Uruguai.
Para já, repete o feito de 1990, quando passou a primeira fase, ganhando à Suécia e à Escócia, para nos "oitavos" claudicar por 4-1 ante a Checoslováquia.
Com estrelas desaproveitadas na Primeira Liga inglesa como Bryan Ruiz (Fulham, emprestado ao PSV) ou Joel Campbell (Arsenal, emprestado ao Olympiacos), a Costa Rica de Jorge Luis Pinto tem mostrado um futebol bonito, muito rápido e taticamente organizado e será de certeza adversário muito complicado nos "oitavos" para quem agora ficar em segundo no grupo C.
Jogo no estádio Mineirão, em Belo Horizonte.
Costa Rica - Inglaterra, 0-0.
Equipas:
- Costa Rica: Keylor Navas, Duarte, Gonzalez, Miller, Gamboa, Borges (Barrantes, 78), Tejeda, Diaz, Bryan Ruiz, Brenes (Bolanos, 60), Joel Campbell (Urena, 66).
Treinador: Jorge Luis Pinto (colombiano).
- Inglaterra: Foster, Shaw, Cahill, Smalling, Jones, Wilshere (Gerrard, 73), Frank Lampard, Lallana (Sterling, 62), Barkley, Milner (Wayne Rooney, 76), Sturridge.
Treinador: Roy Hodgson.
Árbitro: Djamel Haimoudi (Argélia).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Barkley (52 minutos), Lallana (57), Gonzalez (60).
Assistência: 57.823 espetadores.