Embaixada da Sérvia apela à ajuda de Portugal após inundações dramáticas
Porto Canal / Agências
Lisboa, 19 mai (Lusa) -- A embaixada da Sérvia em Lisboa desencadeou uma campanha de solidariedade na sequência das cheias que atingem o país desde quinta-feira, as mais graves desde o início dos registos oficiais, que também afetam Bósnia e Croácia.
"Não apelamos apenas aos cidadãos sérvios que vivem em Portugal, também gostaríamos de apelar ao povo português, sabendo que temos relações muito calorosas e decerto a compreensão para que nos ajude nesta situação muito difícil", disse hoje à Lusa o embaixador sérvio, Mirko Stefanovic.
Numa primeira iniciativa, a representação diplomática de Belgrado está a promover a recolha de ajuda humanitária no Porto, para a zona norte do país, na embaixada de Lisboa para a zona centro e ainda em Albufeira, no Algarve, sendo ainda ativada uma conta bancária para donativos, com todas as informações incluídas no 'site' da embaixada (http://www.lisbon.mfa.gov.rs/por/), em permanente atualização.
"Também apelámos a algumas grandes empresas portuguesas da área da distribuição alimentar, escrevi uma carta aos seus presidentes explicando a situação e esperando contribuições. E ainda a organizações humanitárias que atuam em Portugal", precisou Mirko Stefanovic.
Os apelos do Governo sérvio foram generalizados, e numerosos países já responderam aos apelos, quer através do envio de equipas de socorro, alimentos e outros artigos de primeira necessidade, desde colchões, beliches, roupas ou produtos de higiene, para enfrentar uma situação já definida como uma "catástrofe bíblica". "E também esperamos uma ajuda séria das instituições da União Europeia", acrescentou.
O responsável diplomático referiu-se a uma situação "extremamente difícil" na Sérvia, com o nível dos rios a atingir o ponto mais elevado dos últimos 120 anos. "Já foram retiradas 25.000 pessoas das suas casas nas zonas afetadas", disse.
Após quatro dias de chuvas intensas, a situação climatérica registou hoje algumas melhorais, mas aguardava-se uma nova subida dos leitos do Sava, um afluente do Danúbio e que se cruzam em Belgrado, apesar de a capital sérvia ainda não ter sido afetada pelas inundações.
"O problema são os elevados prejuízos nas propriedades das pessoas, nas infraestruturas. As estradas as pontes, fábricas, foram destruídas, centrais elétricas deixaram de funcionar. E as populações necessitam de ajuda para recomeçar as suas vidas, é uma destruição total", referiu.
"Temos de ser muito rápidos a responder às consequências das cheias, uma situação que era impossível de prever. Não queremos divulgar de momento um balanço das vítimas, ainda prosseguem os trabalhos das equipas de salvamento, sublinho antes o elevado nível de solidariedade também na Sérvia, com milhares de voluntários no terreno, que trabalham sem parar", adiantou o embaixador
Todas as casas das zonas afetadas continuam a ser inspecionadas, e soldados ou unidades da polícia especializadas, também vindos de vários países, já estão distribuídos por várias regiões.
A nível regional, o embaixador destacou as ajudas provenientes da Eslovénia, Croácia, Hungria, Bulgária, Grécia, e mesmo que a Sérvia também já tenha enviado algum auxílio em direção ao norte da Bósnia.
Hoje, o chefe da diplomacia sérvia, Ivica Dacic, convidou 70 embaixadores a visitar Obrenovac, nos arredores da capital e uma das zonas mais afetadas.
Perante os prejuízos ainda incalculáveis num país com uma economia frágil, incluindo na importante produção agrícola, o tenista sérvio Novak Djokovic também já apelou à ajuda internacional e anunciou que vai disponibilizar para os sinistrados a totalidade do prémio de 700.000 euros que garantiu domingo após a sua vitória no torneio de Roma.
PCR // APN
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