Historiador defende federalização da UE para evitar erros do passado

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Porto Canal / Agências

Bruxelas, 09 mai (Lusa) - A crise das dívidas soberanas e a tensão na Ucrânia constituem "oportunidades" para uma Europa Federal, defendeu o académico inglês Brendan Simms, que teme a desagregação da União Europeia por não assegurar solidariedade interna nem combater eficazmente inimigos comuns.

Falando numa conferência sobre a crise na Ucrânia em Bruxelas, Brendan Simms, professor em Cambridge de História da Geopolítica Europeia, reclamou uma política de defesa comum e a federalização da zona euro para prevenir os "ataques inimigos" como a pressão russa na Ucrânia ou a especulação sobre a dívida soberana de cada estado-membro.

"A Europa precisa de fazer aquilo que os Estados Unidos fizeram [no século XIX]: a federalização total", defendeu o académico, num encontro com jornalistas europeus organizado pela UE na preparação das eleições de maio.

As colónias fundadoras dos Estados Unidos decidiram fazer uma federação para "diminuir o impacto das diferenças", forçando cada um dos territórios a ceder a sua própria soberania a uma maioria federal, explicou o historiador, salientando que, na origem, este processo deveu-se também às "dívidas enormes da Guerra da Independência" que só poderiam ser pagas numa estratégia comum.

Também "parte da Europa, durante muitos séculos, funcionou com uma estrutura federal ou confederal", recordou o historiador, dando os exemplos dos Impérios Sacro-Romano alemão e Austro-húngaro ou a República das Duas Nações (Lituânia e Polónia).

Destes casos, o historiador retira ensinamentos para o futuro da União Europeia, salientando que muitos dos fracassos se deveram à "excessiva burocracia" do sistema federal criado, ao "peso das partes mais ricas" dos reinos ou impérios e à "incapacidade de lidar com inimigos externos".

Ao ceder responsabilidades militares à NATO numa "separação fatal", a União Europeia deixou de ter "a última palavra" na defesa dos seus próprios cidadãos, amputando um dos "sinais de legitimidade" de qualquer estado.

Na sua origem, a Comunidade Económica Europeia nasceu como um "projeto de reconciliação" após a II Guerra Mundial.

Mas agora, "caso não consiga reagir aos seus novos inimigos", este "império" criado com base no livre-comércio interno corre o risco de "implodir" devido à falta de resposta de Bruxelas aos problemas sociais existentes.

Um sinal desta "desagregação" é o recrudescimento de populismos e nacionalismos, avisou o historiador.

PJA // JCS

Lusa/fim

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