RSF pede à ONU que investigue desaparecimento de jornalista no norte de Moçambique

| Mundo
Porto Canal com Lusa

Maputo, 03 jul 2020 (Lusa) -- A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) afirmou hoje que pediu a um grupo de trabalho das Nações Unidas a realização de uma "investigação independente e imparcial" ao desaparecimento do jornalista Ibraimo Mbaruco, no norte de Moçambique, em abril.

Num comunicado hoje divulgado, a RSF referiu que, a par de outras organizações de direitos humanos, também pediu ao grupo de trabalho da Comissão dos Direitos do Homem das Nações Unidas, encarregada de investigar os desaparecimentos forçados ou involuntários, para analisarem o caso de Ibraimo Mbaruco, que desapareceu em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, em 07 de abril.

"O silêncio das autoridades sobre este caso de um jornalista desaparecido nos últimos três meses tem sido insuportável para a família, e nós estamos determinados a descobrir o que lhe aconteceu", afirmou o responsável da RSF para África, Arnaud Froger, acrescentando que "não é a primeira vez que jornalistas são agredidos, atacados ou detidos" na província.

Ibraimo Mbaruco, jornalista da Rádio Comunitária de Palma, em Cabo Delgado, desapareceu em 07 de abril em circunstâncias por apurar, disseram à Lusa, na ocasião, familiares e uma fonte da rádio.

Segundo o Instituto da Comunicação Social da África Austral (Misa), pouco antes do seu desaparecimento, Ibraimo terá enviado uma curta mensagem (SMS) a um dos seus colegas de trabalho, informando que estava "cercado por militares" e o que se passou depois é uma incógnita.

"Ibraimo Mbaruco está morto? Quem eram os soldados que o cercavam quando escreveu a sua última mensagem? Está detido, e se sim, por que razões? Há muitas questões a que as autoridades moçambicanas devem responder", salientou Arnaud Froger.

Várias organizações internacionais, incluindo a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e a União Europeia, manifestaram já o seu repúdio com o desaparecimento do jornalista e pediram às autoridades o esclarecimento do caso.

As autoridades moçambicanas demarcaram-se da eventual detenção do jornalista, reiterando que o caso está sob investigação.

Em 24 de abril, durante uma reunião com o Misa sobre o caso, a Presidência moçambicana sugeriu à organização que submetesse o caso à Procuradoria-Geral da República moçambicana, ação que já tinha sido encetada pela família da vítima em Cabo Delgado.

Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos de extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista e que já mataram pelo menos 600 pessoas nos últimos dois anos e meio, provocando uma crise humanitária que afeta 211.000 pessoas.

Em 2019, dois jornalistas locais na região que cobriam o tema, Amade Abubacar e Germano Adriano, foram detidos e maltratados pelas autoridades durante quatro meses, sob acusação de violação de segredos de Estado e incitamento à desordem, num caso contestado pelas Nações Unidas e outras organizações.

JYO (EYAC) // LFS

Lusa/Fim

+ notícias: Mundo

Secretário-geral da NATO pede mais investimento militar e mais apoio à Ucrânia

O secretário-geral da NATO pediu hoje aos países da aliança atlântica que aumentem os gastos militares devido às tensões com a Rússia, e criticou o facto de a Ucrânia não ter recebido a ajuda prometida nos últimos meses.

Dona do TikTok garante não ter planos para vender apesar de ultimato dos EUA

A empresa chinesa ByteDance garantiu esta sexta-feira não ter intenção de vender o TikTok, apesar de Washington ameaçar proibir a plataforma de vídeos nos Estados Unidos caso não corte os laços com a China.

Acidente na Namíbia. 20 portugueses feridos, mas oito deverão regressar em breve

O Governo corrigiu esta sexta-feira para 20 o número de portugueses feridos no acidente de quarta-feira na Namíbia, indicando que oito já tiveram alta e 12 continuam internados, dos quais seis com vigilância especial.