Covid-19: Obsessão de deixar lugar do meio livre em voos não é realista - Ryanair

| Economia
Porto Canal com Lusa

Redação, 12 mai 2020 (Lusa) -- A companhia aérea Ryanair critica "a obsessão" relativa à eventual medida de deixar lugares livres entre passageiros para garantir distanciamento em aviões, devido à pandemia de covid-19, recusando aplicá-la, por considerar que "não é realista".

"Esta obsessão com o lugar do meio não é baseada em factos. O que se pretende atingir? Não atinge nada. As pessoas continuam atrás umas das outras nas aeronaves e há outras e mais eficientes medidas que podem ser adotadas", vinca em entrevista à agência Lusa o presidente executivo da Ryanair, Eddie Wilson.

Argumentando que esta medida não tem "qualquer razão de saúde pública ou científica", o responsável aponta também que esta "não é uma medida realista", já que por exemplo "não tem em conta as famílias que viajam juntas e as companhias aéreas que não têm lugares do meio".

E avisa: "Não vamos voar se isso for para a frente porque isso não tem qualquer resultado".

"Esta medida [de deixar o lugar do meio livre] parece boa, e pode funcionar quase até como 'soundbite', mas não tem por base fundamentações científicas", reforça ainda Eddie Wilson.

Falando à Lusa um dia antes de a Comissão Europeia emitir recomendações sobre o restabelecimento das viagens na Europa, que foram restringidas devido às medidas aplicadas pelos governos para conter o surto de covid-19, o líder da companhia aérea avisa que, além de "não trazer uma mudança relevante", a adoção deste tipo de medidas pode "limitar a retoma dos voos".

A Ryanair tem sido a voz mais crítica dentro do setor contra esta medida.

Para Eddie Wilson, é preciso antes apostar em medidas como "haver menos contacto a bordo, realizar controlos de temperatura nos aeroportos, restringir os movimentos na cabine, ter sistemas de filtragem do ar e não utilizar papéis, cartões de embarque ou revistas de bordo".

"Estas medidas são o caminho a seguir, tanto para os passageiros, como para a tripulação de cabine", defende o responsável, frisando que estas normas servirão para "mitigar o risco neste período de saída do confinamento".

E serão exatamente estas medidas que a Ryanair começará a aplicar nos seus voos quando os retomar, em 01 de julho, segundo anunciou hoje a transportadora aérea.

Entre as medidas divulgadas estão, por exemplo, restrições à bagagem de porão, a obrigação de os passageiros fazerem 'check-in' pela internet e de apresentarem os cartões de embarque nos telemóveis e ainda de se submeterem a controlos de temperatura à entrada do aeroporto e de utilizarem máscaras/coberturas faciais no terminal e a bordo dos aviões.

Outra regra é que se os clientes quiserem ir à casa de banho durante os voos terão de pedir autorização.

Já a tripulação também terá de usar equipamento de proteção e, nos serviços a bordo, só irá disponibilizar algumas refeições ligeiras pré-embaladas e bebidas e aceitará pagamentos com cartões.

A Ryanair vai, ainda, pedir informações pessoais aos passageiros sobre a duração da sua visita e morada de alojamento, visando controlar eventuais medidas de isolamento impostas aos visitantes de voos intracomunitários.

Desde o início dos limites às viagens, aplicados em meados de março, a Ryanair só tem feito cerca de 30 voos por dia entre a Irlanda, o Reino Unido e a Europa, e espera agora passar para cerca de 1.000 ligações diárias, operando com menos frequência do que o habitual.

Anterior responsável pelo departamento de pessoal da Ryanair, Eddie Wilson é presidente executivo da companhia aérea de baixo custo desde setembro de 2019, tendo substituído no cargo Michael O'Leary, que passou a liderar todo o grupo.

Sediada na Irlanda, a companhia aérea Ryanair pertence ao grupo aeronáutico com o mesmo nome, que inclui também empresas como a Buzz, Lauda e Malta Air, transportando normalmente cerca de 150 milhões de passageiros por ano, num total de mais de 2.400 voos diários operados a partir de 82 bases na Europa e norte de África. Liga cerca de 200 destinos em 40 países.

ANE // CSJ

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