Covid-19: Centro histórico de Santarém com mais lojas abertas mas pouca expectativa de negócio

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Porto Canal com Lusa

Santarém, 05 mai 2020 (Lusa) -- O centro histórico de Santarém tinha hoje de manhã mais lojas abertas, mais gente a circular, pessoas a lavar espaços, outros em pequenas reparações, mas as expectativas de negócio, no geral, não são elevadas.

À porta da casa de fotografias Emoção d'Imagens, na rua Pedro Canavarro, o proprietário disse à Lusa que, na segunda-feira, na reabertura depois de mais de mês e meio encerrado devido à pandemia da covid-19, teve um pedido, de uma moldura por medida, artigo que só ele vende na cidade e que espera ajude a minimizar os prejuízos num negócio que, com casamentos e batizados cancelados, o deixou praticamente sem clientes para as fotografias.

Para João Ventura, se o negócio no centro histórico "já estava mau", ainda ficou pior, tanto que nem seria preciso o aviso do limite à entrada de dois clientes na loja. No interior, são visíveis os novos "adereços" da era covid-19 -- máscaras, luvas, desinfetantes -, mas nenhum cliente.

Do outro lado da rua, Teresa Marques descobriu há três semanas que podia ter aberta a Ornamenta, loja de venda de plantas e flores, que tinha fechado em 16 de março.

Reabriu então em "meio horário", mas o 'lay off' simplificado que pediu para a sua única empregada perdeu-se "com a faturação do Dia da Mãe", no passado domingo, impulsionada pela divulgação no Facebook de que fazia entregas ao domicílio.

"O Dia da Mãe sempre foi mau, porque ninguém vinha a um domingo ao centro histórico. Este foi completamente atípico", disse, contando como, num só dia, ajudada pela irmã, fez 100 entregas ao domicílio, parte das quais de encomendas de filhos que estão noutras cidades ou no estrangeiro, e mais de uma dezena de vendas à porta.

A partir daqui, não tem dúvidas de que vai "mesmo implementar um site" para divulgar os produtos que só ela vende na cidade, como as plantas de exterior ou as aromáticas e os bonsais, e os ramos e arranjos de flores de corte.

A outra parte que complementa o negócio, o alojamento local na parte superior da loja e num outro edifício do centro histórico, fechou ainda antes do confinamento, com as marcações a serem canceladas e a certeza de que, se voltar a abrir, será não para pernoitas curtas, como acontecia maioritariamente com peregrinos, mas para períodos superiores a quatro dias para compensar os gastos com limpezas e desinfeções e a necessidade de deixar o espaço vazio por vários dias depois de cada saída.

Já na rua Capelo e Ivens, o proprietário da Livraria Costa, aberta há 55 anos, confessa não ter qualquer condição para pensar num negócio online, por não ter os recursos e pela concorrência dos que dominam o setor.

O que pede é que as pessoas "esqueçam o online e passem a valorizar o 'oncity'", que redescubram o centro histórico e o pequeno comércio, que vem definhando lentamente desde há uns anos e que pode ter agora um golpe fatal.

"Ontem [segunda-feira], entre as 15:00 e as 19:00 entrou uma pessoa na livraria. Hoje vendi dois jornais, um envelope e dois livros de faturas", disse, lamentando os critérios do Regulamento de Apoio às Editoras e Livrarias, nomeadamente o que dá preferência à aquisição de obras não propostas pelas editoras candidatas.

Das medidas de apoio criadas pelo Governo apenas recorreu, até ao momento, ao 'lay off' simplificado para o seu único funcionário.

Na rua Guilherme de Azevedo, Joana Duarte vai servindo cafés à entrada do Bar do Ribatejo, um dia depois de ter reaberto o estabelecimento, um dos mais antigos da cidade (78 anos).

A reabertura do comércio e mais algum movimento de pessoas acabou por ser "um primeiro balãozinho de oxigénio", disse, salientando que um dos clientes de hoje veio à cidade "fazer análises, que até isso tinha deixado de funcionar".

Cátia Carlos, que mantém o seu Atelier de Joias na rua Capelo e Ivens, também nota mais movimento, mais gente a circular, mas apenas "para o essencial".

O mês de março foi "muito mau". O valor que recebeu do Estado, como trabalhadora independente, nesse mês (85 euros), pouco acrescentou e maio é mês de "pagar contas".

O recurso a apoios e linhas de crédito é descartado pela maioria, pois, sublinham, só serve para "endividar mais".

Enquanto der, vão aguentar, asseguram. O receio é que as pessoas "facilitem", pois continua a circular "muita gente sem máscaras", alertam.

Se tudo voltar atrás, "vai ser avassalador" para o pequeno comércio, vaticinam.

Portugal entrou no domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Segundo o boletim de hoje da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia, Portugal contabiliza 1.074 mortos associados à covid-19 em 25.702 casos confirmados de infeção.

Relativamente a segunda-feira, há mais 11 mortos (+1%) e mais 178 casos de infeção (+0,7%).

Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

 

MLL // MCL

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