Vários oficiais generais assinaram hoje petição para a reestruturação da dívida
Porto Canal / Agências
Lisboa, 31 mar (Lusa) -- A petição que defende a reestruturação da dívida pública portuguesa foi hoje subscrita por mais 26 militares reformados, dos quais 19 oficiais generais, que se juntaram aos ex-chefes de Estado-Maior Pinto Ramalho (Exército) e Melo Gomes (Marinha).
Entre os novos subscritores estão antigos elementos de topo da Guarda Nacional Republicana, como Mourato Nunes, Samuel Marques Mota ou Mário Cabrita.
Na maioria do Exército (sete tenentes-generais e quatro majores-generais), estes subscritores contam também com cinco vice-almirantes e dois contra-almirantes. Existem ainda mais seis coronéis e um major.
A petição já foi subscrita por cerca de 17 mil pessoas, bem acima das quatro mil necessárias para ser discutida no parlamento, mas ainda não há data para ser entregue na Assembleia da República, disse hoje à Lusa um dos subscritores, João Cravinho.
Disponibilizado na sexta-feira pelo movimento Manifesto 74, o documento reúne assinaturas de personalidades de todos os quadrantes da sociedade portuguesa.
O antigo ministro socialista das Obras Públicas João Cravinho, uma das 70 personalidades que assinou o manifesto a apelar para a reestruturação da dívida pública, disse à Lusa não estar surpreendido com a adesão, considerando que tal demonstra que "os portugueses querem tratar com seriedade e com bastante determinação os problemas fundamentais do país, como é o caso da dívida".
A petição visa conseguir que os deputados aprovem "uma resolução recomendando ao Governo o desenvolvimento de um processo preparatório tendente à reestruturação honrada e responsável da dívida", como se salienta na página oficial do Manifesto 74.
"O abaixamento significativo da taxa média de juro do 'stock' da dívida, a extensão de maturidades da dívida para 40 ou mais anos e a reestruturação, pelo menos, de dívida acima dos 60% do Produto Interno Bruto (PIB), tendo na base a dívida oficial", são as condições preconizadas pelos signatários.
A iniciativa do Manifesto 74 pretende ainda que a Assembleia da República desencadeie "um processo parlamentar de audição pública de personalidades relevantes" sobre a reestruturação da dívida de Portugal, contraída no âmbito do programa de reajustamento.
Dois dos subscritores, Sevinate Pinto e Vítor Martins, consultores do Presidente da República, foram exonerados por Cavaco Silva.
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