Rússia elimina desconto à Ucrânia na venda de gás e pede 8 mil milhões de indemnização
Porto Canal
A Rússia anunciou hoje o fim do desconto que fazia à Ucrânia pela compra de gás em troca do aluguer da base da Frota do Mar Negro, colocada em Sebastopol, e reclama 8 mil milhões de euros de indemnização.
Os Acordos de Kharkiv, assinados em abril de 2010 entre os dois países, estabeleciam um desconto de 100 dólares (79 euros) por cada mil metros cúbicos de gás russo comprados pela Ucrânia, serão denunciados pela Rússia, disse hoje o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, na reunião do Conselho de Segurança da Rússia.
Moscovo vai ainda exigir a Kiev por via jurídica uma compensação de 11 mil milhões de dólares (um pouco menos que 8 mil milhões de euros) pelo desconto aplicado durante os últimos quatro anos, acrescentou o chefe do executivo russo.
A Rússia entende que a aplicação do desconto à Ucrânia desde 2010 foi um gesto de boa vontade, uma vez que o contrato anterior apenas terminava em 2017, pelo que Moscovo não tinha necessidade de 'oferecer' o desconto nos últimos quatro anos.
"Desta forma, o Estado ucraniano poupou 11 mil milhões de dólares, enquanto a Federação russa deixou de ganhar esses mesmo 11 mil milhões de dólares", sublinhou Medvedev.
A incorporação da Crimeia na Rússia, aprovada esta semana pelo Kremlin, faz com que o desconto pelo aluguer da base da frota russo no Mar Negro, em Sebastopol, "já não possa ser aplicada de facto ou 'jure'", disse ao diário económico Védomosti o porta-voz do Kremlin para os assuntos económicos, Dmitri Peskov.
O anúncio da decisão da Rússia acontece depois de os cidadãos da Crimeia terem votado esmagadoramente pela separação da Ucrânia e integração na Rússia, o que foi confirmado a meio da semana pelo Parlamento russo, e no contexto de aplicação em crescendo de sanções por parte da União Europeia e dos Estados Unidos ao país liderado por Vladimir Putin.