Linha de muito alta tensão junto a casas no Alto Minho pode chegar aos tribunais

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Porto Canal

O Movimento Nacional Contra as Linhas de Alta Tensão em Zonas Habitadas desafiou hoje as populações e autarcas do Alto Minho a recorrerem aos tribunais para travar a construção de uma linha elétrica aérea para ligar a Espanha.

"Providências cautelares para atrasar ao máximo o que se pode atrasar. Em Almada avançou-se em 2007 com uma ação judicial, a resposta veio este ano e a REN vai ter de alterar o traçado. Temos de estar todos os unidos", afirmou hoje Helena Carmo, dirigente deste movimento, durante uma sessão de esclarecimento à população em Gemieira, Ponte de Lima.

Em causa está a construção de uma linha elétrica de 400 KV desde Fontefria, em território galego (Espanha), até à fronteira portuguesa, com o seu prolongamento à Rede Nacional de Transporte (RNT) operada pela empresa Rede Elétrica Nacional (REN).

A população desta aldeia - com cerca de 600 habitantes -, diz ser a mais afetada do concelho por esta linha, com pelo menos cinco torres de 75 metros de altura e uma área de implantação de 200 metros quadrados, além de margens de segurança de 45 metros para cada lado.

Criticam a REN por não equacionar uma solução enterrada nas zonas "mais sensíveis", que custaria cerca de um milhão de euros por quilómetro mas sem os mesmos impactos nomeadamente da formação de campos eletromagnéticos, estudando "apenas" uma linha aérea, que é "cinco vezes mais barata".

"Sim, construam a linha, mas enterrem-na onde estão as pessoas. Que o progresso se faça, mas não à custa da saúde das pessoas, dos nossos filhos, da qualidade de vida e do património. Não queremos um micro-ondas em cima dos nossos telhados", afirmou Helena Carmo, reclamando que a "voz das pessoas" seja "ouvida" neste processo.

Na Gemieira, uma das 121 freguesias potencialmente atravessadas por esta linha (distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto), a população queixa-se da proximidade do traçado proposto a 20 habitações, a um aglomerado de 14 moinhos, uma quinta de turismo rural de relevância internacional, áreas de produção agrícola e uma ecovia.

Ana Oliveira Gomes, de 67 anos, não aceita que a linha de muito alta tensão passe literalmente por cima da sua casa, como está previsto. "Não deixo. Estou disposta a tudo, não tenho saúde e não tenho quem olhe por mim", afirmou.

Foi uma das quase cem pessoas que compareceram à sessão de esclarecimento que decorreu na freguesia e não escondeu a preocupação. "Tenho de defender aquilo que o meu pai comprou. Passou muita fome para isso", atirou.

O presidente da Junta de Freguesia reafirma que a população da Gemieira está "disposta a tudo", inclusive boicotar as próximas eleições europeias, em maio, para travar a passagem da aérea da linha.

António Sá Matos admite a possibilidade de avançar com uma providência cautelar, "preferencialmente" em conjunto com outras freguesias igualmente afetadas, face aos "possíveis impactos negativos" desta linha na saúde da população, no património natural e construído e pela "desvalorização" dos terrenos, que deixam de permitir construção ou agricultura.

"A possibilidade de irmos a Lisboa protestar também está em cima da mesa, se não nos derem alternativas", assegura.

De acordo com a proposta que esteve em consulta pública ambiental até 27 de fevereiro, este novo eixo de ligação entre a fronteira e o Porto, a concluir até 2016, permitirá à REN aumentar as "capacidades de interligação com Espanha" e "melhores condições de alimentação aos consumos do Minho litoral".

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