Catarina Martins alerta que o "pós-'troika' é 'troika'" mas com mais austeridade
Porto Canal / Agências
Lisboa, 28 fev (lusa) - A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins alertou hoje, no jantar que assinalou o 15.º aniversário do BE, que "a pós-'troika' é 'troika'" e que a "austeridade será mais e mais forte".
Falando para largas dezenas apoiantes do BE, na Cantina Velha da Cidade Universitária, Catarina Martins salientou que o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, vieram hoje anunciar, em conjunto, "foi mais austeridade em 2015".
A coordenadora do BE frisou que "a propaganda não esconde a realidade" e advertiu que, na questão da 'troika' e do pós-'troika', o Governo prepara as "pancadas mais fortes" para "depois das eleições".
Num evento em que discursaram ainda Luís Fazenda e Marisa Matias, esta última cabeça de lista do BE às eleições europeias, Catarina Martins criticou a política de "cortes e mais cortes na vida de quem trabalha" e a passividade do Presidente da República, Cavaco Silva, que "deixa passar" diplomas sucessivos, permitindo que "o excecional se torne regra" e não recorrendo ao Tribunal Constitucional.
"A nossa luta é a luta pela dignidade", enfatizou a coordenadora do BE, apontando a precarização do trabalho, a "prepotência contra os desempregados" e a "emigração" como problemas concretos que têm que ser resolvidos, apelando à junção de forças contra o tratado orçamental.
"Um BE exigente, de confiança e combativo" foi o desenho traçado por Catarina Martins que, em retrospetiva, enumerou os projetos que o BE defendeu, nos últimos 15 anos, e que "mudou e abanou o país", designadamente questões como a da violência doméstica, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e do aborto. Prometeu dar seguimento à mudança de mentalidade com propostas sobre a violência no namoro e transformar a violação num crime público.
Nas suas palavras, o BE levantou também a questões das 'offshores' e "apontou a dedo aos donos de Portugal", observando que o Bloco "não veio para fazer sala, mas para mudar" o país.
Marisa Matias considerou que a chamada política de consolidação orçamental "é o caminho mais direto para a destruição do Estado social" e criticou que o ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar, que se demitiu por não ter condições para cumprir as metas orçamentais, venha agora a ser nomeado pelo FMI para as questões orçamentais.
A candidata do BE às próximas europeias disse ainda ser preciso "derrotar o tratado orçamental que é a 'troika' depois da 'troika'".
Luís Fazenda lembrou o passado e a génese do Bloco, dizendo que o BE "mudou o mapa político de Portugal e também da esquerda" e que as alternativas socialistas e de esquerda passam cada vez mais pelo partido que hoje comemorou 15 anos de existência.
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