Estaleiros: Autarca acusa ministro de "reduzir" trabalhadores a "reformados compulsivos"

| Norte
Porto Canal / Agências

O presidente da Câmara de Viana do Castelo acusou hoje o ministro da Defesa de "reduzir" os trabalhadores dos estaleiros navais a "reformados compulsivos" e "desempregados à força", que ficam agora ao "Deus dará".

Numa declaração emocionada aos jornalistas, o autarca socialista José Maria Costa reagia à adesão praticamente total dos trabalhadores dos Estaleiros Navais Viana do Castelo (ENVC) ao plano social de rescisões voluntárias, no âmbito do fecho da empresa pública, cuja validade terminou hoje, às 16:00.

"A dignidade do trabalho e o seu valor social foi matéria que foi descuidada, tendo este processo resvalado para a mercearia laboral, configurando mais um trespasse vergonhoso, fugindo das responsabilidades sociais, traindo a dignidade do Estado e do elevado sentido do interesse público que qualquer governante deve prosseguir", criticou.

Numa declaração com várias paragens, motivadas pela emoção e lágrimas, José Maria Costa voltou a criticar o ministro da Defesa da Nacional, que acusou de "desmantelar uma empresa única, uma arte industrial singular e uma atividade que nos vêm dos confins da história", através de um "despedimento coletivo sem alma".

"Este ministro da Defesa encontrou 620 pessoas crentes no valor da sua profissão, com orgulho no seu trabalho e reduziu estas pessoas a reformados compulsivos e desempregados à força, é certo, com uns trocos no bolso", disse José Maria Costa.

O plano social lançado pela administração dos ENVC no âmbito do fecho da empresa, que previa indemnizações de mais de 30,1 milhões de euros para rescisões amigáveis do contrato de trabalho, contou com a adesão quase total entre os 609 trabalhadores da empresa pública.

O documento foi revisto e a sua validade prolongada até esta sexta-feira, incorporando os contributos dos representantes sindicais, mandatados para o efeito pelos trabalhadores dos ENVC.

"Esta adesão demonstra que o plano social trabalhado em conjunto com os sindicatos era equilibrado e positivo. O consenso alcançado permite encarar o futuro social e laboral com confiança", disse à Lusa, entretanto, fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional, que conduziu as recentes negociações com os sindicatos.

Para José Maria Costa, que criticou duramente a opção de encerrar e subconcessionar os ENVC ao grupo Martifer, após concurso público internacional, este foi "um processo inqualificável de desmantelamento económico, um processo de desmoralização social e uma referência única no país de desqualificação do valor da dignidade do trabalho".

"Os trabalhadores ficam desta forma abandonados à sua sorte, a contratações em condições diferentes e desqualificadas, ao arbítrio do livre mercado. Estranha forma de vida que o sindicalismo hoje aprecia e até incentiva", afirmou.

O presidente da Câmara anunciou ainda que vai solicitar ao primeiro-ministro "uma intervenção urgente no Alto Minho", que "reduza o impacto negativo da crise dos ENVC", envolvendo os "principais atores públicos" na "realização de um programa de emprego e de acolhimento empresarial para a região".

"Não nos conformamos com esta situação e queremos afirmar a nossa vontade de apostar numa estratégia competitiva da nossa cidade e da nossa comunidade", rematou José Maria Costa.

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