Marco de Canaveses, 20 fev (Lusa) - O IC35, ligando Entre-os-Rios à A4, em Penafiel, reduzirá para quase metade o tempo de transporte do granito de Alpendurada até ao porto de Leixões, de onde é exportado, defenderam hoje à Lusa empresários do setor.

Domingos Neves, empresário e presidente da Junta da Alpendurada, Marco de Canaveses, disse ser "inaceitável" que outros polos produtores de granito, situados a 100 quilómetros do porto de Leixões, demorem menos tempo a chegar àquela infraestrutura do que os empresários de Alpendurada, que ficam a menos de metade da distância.

Esta posição é partilhada por Martinho Monteiro, também empresário do setor do granito, e atual chanceler da Confraria do Granito de Alpendurada.

"Somos o maior polo de granito do país, representando 60% das exportações nacionais e demoramos duas horas daqui ao porto de Leixões. Com o acesso demoraria uma hora e podíamos fazer chegar mais camiões a Leixões", assinalou, em declarações à Lusa.

A construção do troço do IC35 ligando a A4, em Penafiel, a Entre-os-Rios (localidade vizinha de Alpendurada), numa extensão de cerca de 12 quilómetros, que funcionará como variante à atual EN 106, implicará um custo de cerca de 60 milhões, segundo os cálculos mais recentes.

A atual EN 106 é utilizada diariamente por mais de 10.000 veículos.

Os empresários do Marco de Canaveses dizem não entender por que razões os governos ainda não assimilaram as vantagens de construir uma nova estrada para potenciar um setor responsável por exportar mais de 100 milhões de euros por ano.

"Os impostos que as nossas empresas suportam [IRC] e os empregos que geram irão pagar rapidamente aquela estrada", exclamou Domingos Neves.

Também Martinho Monteiro comentou a posição dos governos sobre o IC35, uma acessibilidade reclamada há mais de duas décadas.

"Não consigo entender o porquê de sermos tão discriminados. Não sei que mal fizemos para ninguém nos ligar nenhuma. Não conheço no país nenhuma localidade que tenha pedreiras e tão fracos acessos como nós", lamentou.

De Alpendurada saem diariamente cerca de 50 camiões carregados de granito, que têm de passar pela EN 106 para chegarem ao Porto de Leixões.

Por ano são carregadas cerca de 600.000 toneladas de granito naquele porto, de onde é escoado o produto para dezenas de clientes em todo o mundo.

A construção do IC35, sublinharam os empresários, traria várias vantagens competitivas para o setor da pedra e para a economia do país.

Com um novo e mais rápido acesso rodoviário, os empresários poderiam prescindir de armazéns que têm no porto de Leixões, porque seria possível fazer chegar, em menos tempo, camiões suficientes para carregarem um barco, explicaram à Lusa.

A atividade emprega no sul do concelho do Marco de Canaveses mais de 4.000 pessoas (cerca de 40 empresas) e é responsável por 15.000 postos de trabalho indiretos, segundo números da confraria do setor.

A indústria de extração e transformação do granito em Alpendurada é "o motor da economia da região", concluiu Martinho Monteiro.

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