Viana do Castelo, 24 jan (Lusa) - Os vereadores do PSD na Câmara de Viana do Castelo alertaram hoje para a "reduzidíssima ocupação" do Complexo Turístico da Marina nos últimos cinco anos, temendo que o espaço se transforme "num elefante branco".

De acordo com o vereador social-democrata Eduardo Teixeira, trata-se de um equipamento municipal localizado num "sítio estratégico para o desenvolvimento" da cidade e que deve ser alvo de "atenção" por parte da maioria socialista que lidera a Câmara.

"A situação preocupa-me porque ao longo dos últimos cinco anos a utilização do empreendimento para a sua vocação, que é o turismo, tem sido praticamente nula. Por esse motivo questionámos o executivo municipal sobre se tem planos alternativos para que o espaço não se torne num novo elefante branco", disse à Lusa o vereador da oposição.

O presidente da Câmara garantiu hoje estar em contacto com os promotores do empreendimento para tentar definir um novo modelo de negócio para o edifício, face ao anterior, baseado na restauração e que "sofreu" com os "efeitos da crise".

"Está em cima da mesa a criação de um novo conceito, baseado nas estratégias da própria cidade, como a náutica. Uma das hipóteses é a transformação numa unidade hoteleira de apoio à marina, como já foi equacionado no passado", explicou o socialista José Maria Costa.

O Complexo Turístico da Marina de Viana do Castelo reabriu em setembro de 2005, após um investimento de quatro milhões de euros que o transformou no "Cais de Viana", com oito espaços de restauração e lazer.

O edifício foi inaugurado em 1993 pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva, mas nos anos seguintes foi votado ao abandonado e entrou em progressiva degradação.

Em 2004 foi concessionado pela Câmara à VianaCais - que antes já tinha desenvolvido projeto idêntico em Vila Nova de Gaia -, empresa que assumiu o objetivo de transformar o complexo num "local de referência" no circuito noturno do norte do país.

Depois do sucesso inicial, o empreendimento foi perdendo os vários negócios, sobretudo de restauração, ali instalados. Construído junto à marina de recreio, o edifício está hoje parcialmente ocupado e praticamente não tem utilização turística.

A situação daquele espaço foi discutida esta quinta-feira à noite, em reunião do executivo municipal, realizada à porta fechada, com os vereadores do PSD a criticarem a situação face às "dificuldades" do grupo detentor dessa subconcessão.

"Pedimos informação ao executivo sobre o período de carência [sem pagamento de rendas ao município] de dez anos, que pelo que sabemos termina proximamente. Queremos ver o contrato, porque é uma situação que nos está a deixar muito preocupados", afirmou o vereador Eduardo Teixeira.

O equipamento foi concebido pelos arquitetos Bernardo Alves e Carlos Macedo, autores das Docas de Lisboa, em parceria com Jorge Teixeira de Sousa, autor do desenho original do Complexo Turístico da Marina.

Este edifício foi construído por cerca de 3,5 milhões de euros, na gestão municipal do social-democrata Branco Morais. O imóvel transformou-se, poucos anos depois, no maior elefante branco da cidade, chegando a ser ocupado por vários sem-abrigo e delinquentes, antes da reconversão em "Cais de Viana".

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