BE diz que regresso de Portugal aos mercados é "bom negócio para a banca internacional"
Porto Canal / Agências
Lisboa, 09 jan (Lusa) - O Bloco de Esquerda (BE) disse hoje que a operação de dívida hoje tida por Portugal representa um "bom negócio para a banca internacional" e não representa qualquer melhoria das condições de vida e trabalho dos portugueses.
"Este continua a ser um bom negócio para a banca privada internacional, que pede dinheiro emprestado a 0% junto da banca central e depois vem emprestar a Portugal perto dos 5%", disse a deputada bloquista Mariana Mortágua em declarações aos jornalistas no parlamento.
Portugal, soube-se hoje, vai colocar 3,25 mil milhões de euros em dívida a cinco anos e pagará uma taxa de juro perto dos 4,6%, com a procura a atingir os 11 mil milhões de euros, disse à Lusa uma fonte envolvida na operação.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, que gere a dívida pública portuguesa, fechou nos 3,25 mil milhões de euros o valor de dívida que colocará na linha de Obrigações do Tesouro que vence em junho de 2019.
Para o BE, a banca internacional que se financia a juros "muito perto dos 0%" junto do Banco Central Europeu (BCE) aplaude a operação pois continua a lucrar com a dívida portuguesa, ao passo que a situação do país não tem melhorias desde o arranque do programa de ajustamento, 2011, e os dias de hoje.
"Temos mais desemprego, mais falências, há mais desigualdades salariais, há mais pobreza no país. Não é verdade que o país esteja hoje numa melhor situação económica do que estava há três anos", considerou Mariana Mortágua.
A taxa de juro fixada inicialmente estava nos 340 pontos base, mas foi reduzida ao longo da manhã para os 330 pontos base acima da taxa base do mercado para a dívida a cinco anos, o que deverá dar uma taxa de juro perto dos 4,6%.
A procura pela dívida hoje colocada situou-se nos 11 mil milhões de euros, sendo que pelas 10:30 já atingia os 9 mil milhões de euros, ou seja, mais de 3 vezes a oferta.
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