Candidatos ao Porto concordam com redução de IMI, Esquerda queria mais
Porto Canal / Agências
Porto, 06 jun (Lusa) -- Candidatos à Câmara do Porto ouvidos pela Lusa concordam que o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) deve ser reduzido, considerando os partidos à esquerda que Rui Rio podia ter ido mais além numa medida que peca por ser tardia.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, anunciou na quarta-feira que quer reduzir o IMI em 10%, para os 0,36, aproveitando a redução em 8,8 milhões de euros do esforço médio de diminuição de dívida. O autarca considera justo que a "folga" resultante de "uma gestão financeira rigorosa" seja usada "em prol das famílias".
A proposta de Rui Rio para baixa do IMI será votada na reunião camarária da próxima terça-feira.
Em declarações à agência Lusa, o candidato independente Rui Moreira disse ver esta notícia "com aplauso e satisfação", considerando que é "uma distribuição de dividendos pelos cidadãos", resultante de "uma cidade que é bem gerida, que tem as contas à moda do Porto".
"Esta medida permite também deixar uma folga orçamental para tempos que se adivinham difíceis e permite que olhemos com maior otimismo a forma de suprir algumas das carências que temos vindo a identificar, nomeadamente em termos de coesão social, em que certamente vai ser preciso aumentar os pagamentos para ter a certeza de que aqueles que estão mais aflitos veem as suas necessidades básicas resolvidas", observou.
Por seu turno, o candidato do PS, Manuel Pizarro, manifestou a sua concordância com uma medida que vem "no seguimento de uma proposta socialista que foi recusada pela maioria municipal, que era o de fixar a taxa de IMI para os imóveis reavaliados em 0,35 em vez dos 0,40".
"Nós achamos até -- e estamos a estudar isso em termos de proposta eleitoral -- que na cidade do Porto se poderá ir um pouco mais além, até ao nível mínimo do IMI e que esta será uma medida que, sem prejudicar a tesouraria municipal, poderá contribuir para que se possa aumentar o investimento das famílias na reabilitação urbana do Porto", sublinhou à Lusa.
Pizarro foi perentório: "mais vale tarde do que nunca. Ainda bem que nos deram razão agora porque ainda vão a tempo de devolver às pessoas aquilo que elas tiveram que pagar a mais".
Já o candidato da CDU, Pedro Carvalho, disse ser "bom ver que o Rui Rio está a dar razão à CDU e ainda podia dar mais razão se a redução fosse mais além", defendendo que "é necessário investir e reduzir a carga fiscal dos portuenses que tinha atingido o máximo".
Para Pedro Carvalho, "a câmara, até este momento, ainda não tinha nenhum sinal" neste sentido e, pelo contrário, "continuava-se a fazer poupança e gáudio que no ano passado houve um excedente de caixa de 16 milhões de euros" quando há investimento parado.
"É bom que se venha dar razão à CDU. Nós pensamos que ainda havia margem maior para se ir mais além, aliás como a CDU tem dito e tem vindo a defender", enfatizou.
Por seu turno, José Soeiro, que concorre às próximas autárquicas pelo Bloco de Esquerda, afirmou que esta "é uma alteração que vem fora do tempo, é tímida e já devia ter acontecido há um ano, quando o BE propôs na assembleia municipal que baixasse para 0,3", e não 0,36.
"Infelizmente, este executivo tem sido preguiçoso e incapaz na cobrança de IMI agravado para os prédios devolutos, degradados e em ruínas, cedendo à especulação imobiliária, agravando injustiça fiscal e retirando ao município receita a que tinha direito. Neste contexto, esta decisão parece mais marcada pelo calendário eleitoral do que pelo calendário das prioridades da cidade", criticou.
A agência Lusa não conseguiu, em tempo útil, um comentário do candidato social-democrata, Luís Filipe Menezes.
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