Grupo de agentes da Guardia Civil abandona sede do departamento de Economia em Barcelona
Porto Canal com Lusa
Barcelona, Espanha, 21 set (Lusa) -- Um grupo de agentes da Guardia Civil que estava desde a manhã de quarta-feira na sede do Departamento da Economia, em Barcelona, abandonou hoje o local, depois de a polícia catalã ter aberto um cordão de segurança.
Os membros da Guardia Civil estavam desde as 08:00 de quarta-feira (07:00 em Lisboa) na sede do Departamento da Economia porque milhares de pessoas estavam concentradas no exterior e impediam a saída do edifício, situado no final da Rambla da Catalunha, próxima da Grande Via de Barcelona.
Cinco agentes à paisana abandonaram o Departamento já depois das 03:00 de hoje (02:00 em Lisboa), percorrendo um pequeno trecho na Rambla da Catalunha, até à Grande Via de Barcelona, onde entraram para veículos sem logotipos policiais, os quais foram depois escoltados pelos Mossos d'Esquadra (polícia catalã).
A saída dos elementos da Guardia Civil foi recebida com gritos de protesto pelos manifestantes, que se sentaram no chão para impedir a operação. Os Mossos começaram a retirá-los, arrastando-os pelos braços e pés.
No interior do edifício continuam, no entanto, cerca de 15 membros da Guardia Civil.
A partida desses agentes da Guardia Civil tornou-se durante todo o dia numa delicada operação para a polícia catalã, depois de o major dos Mossos d'Esquadra, Josep Lluis Trapero, ter pedido aos agentes que fossem "especialmente restritivos e cuidadosos no uso da força".
Durante o dia, as três viaturas da Guardia Civil que tinham ficado à porta do Departamento foram destruídas, num protesto contra a detenção de 14 dirigentes da Generalitat, por organizarem um referendo sobre a independência da Catalunha, nordeste de Espanha.
Frente à sede do governo autónomo foi montado um palco improvisado, no qual têm atuado diversos artistas e, por várias ocasiões, falado dirigentes da Assembleia Nacional Catalã (ANC) e da organização pró-independência da Catalunha Òmnium Cultural.
Ao fim de quarta-feira, o presidente da Òmnium, Jordi Cuixart, e o da ANC, Jordi Sánchez, discursaram e apelaram às pessoas para dispersarem.
Cuixart sugeriu que se reunissem na quinta-feira, às 12:00, frente à sede do Supremo Tribunal de Justiça da Catalunha, pedindo-lhes que abandonassem o local, mas os manifestantes gritaram "Nem um passo atrás!".
A entrada no Departamento de Economia foi ordenada pelo titular do julgado de instrução de Barcelona, que está a investigar cerca de 20 pessoas, por delitos relacionados com a preparação do referendo sobre a independência da Catalunha, convocado pelo Governo da Catalunha (Generalitat) e suspendido pelo Tribunal Constitucional espanhol.
Quando foi divulgada esta atuação, várias organizações independentistas convocaram os seus apoiantes para a sede do Departamento de Economia, onde chegaram a estar concentradas 40 mil pessoas.
A operação determinada pelo juiz conduziu à detenção de 14 dirigentes da Generalitat, dos quais três foram libertados, depois de se terem negado a prestar declarações à Guardia Civil.
Vários detidos estão no quartel da Guardia Civil, de Travessera de Gràcia, em Barcelona, entre os quais o secretário das Finanças do Departamento de Economia, Lluís Salvadó. Outros detidos foram transferidos para a Cidade da Justiça.
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