Primeira mulher piloto da Red Bull Air Race pagou aulas de voo com trabalho

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Porto Canal com Lusa

Porto, 01 set (Lusa) - Filha de uma família humilde, Mélanie Astles trocou a escola pelo trabalho para aprender a voar, tornando-se em 2016 na primeira mulher piloto da competição Red Bull Air Race e sábado, no Porto, vai participar na Challenger Class.

Quando no sábado o avião Extra 330LX surgir em acrobacias sobre o rio Douro, terá a dirigi-lo a primeira mulher piloto, uma francesa que foi cinco vezes campeã de França em acrobacia aérea e que ocupa um lugar entre os dez melhores pilotos a nível mundial e europeu.

Em declarações à Lusa, Mélanie Astles confessou ser "um prazer enorme" estar entre homens no voo acrobático, facto que exemplifica o seu lema de "nunca desistir" que a acompanha desde que deixou a escola para perseguir o sonho de tornar-se piloto de aviões, pelo qual se apaixonou ainda menina num festival aéreo.

"Estou onde muitas julgavam não ser possível estar e quero mostrar às mulheres que é possível. Não penso que seja uma pioneira, mas um modelo para futuras mulheres piloto", descreveu-se Mélanie.

Segunda classificada na última corrida do ano, em Indianapolis, nos Estados Unidos, Mélanie quer dar o passo seguinte e entrar na elite dos pilotos, a Master Class, numa ascensão que quer terminar "sagrando-se campeã do mundo".

Ter deixado a escola aos 18 anos para entrar na vida profissional fez dela gerente de vários postos de combustível enquanto economizava dinheiro para aulas de voo. Mais tarde, os treinadores reconheceram a sua habilidade e permitiram que Mélanie pagasse as aulas com trabalho no aeródromo.

"Sim, sou uma mulher que se fez por si. Deixei cedo a escola, trabalhei muito para pagar as minhas aulas de voo e começando do zero atingi os meus sonhos. Basicamente a minha vida tem sido muito trabalho e dedicação", disse.

Conheceu a pista do Porto na quinta-feira e considera-a "muito linda", num regresso a uma cidade que conheceu "há alguns anos numa visita com um amigo de Braga".

E se a cidade a encanta, já o vinho quer voltar a degustar: "enquanto piloto é impensável beber antes de uma prova, mas sim, o vinho do Porto é fabuloso e sabe bem, depois de um dia de trabalho, bebê-lo com os amigos".

"Se tiver oportunidade de beber não a irei desperdiçar", prometeu, entre sorrisos.

Tendo no horizonte uma classificação nos primeiros seis lugares para atingir a corrida final, nos Estados Unidos, e poder discutir o título, Mélanie Astles isola-se antes das competições para estudar os seus vídeos dos treinos ou vagueia com os seus auscultadores a visualizar as suas trajetórias na pista, anotando sempre "as dicas" que os outros pilotos lhe transmitem.

A piloto, nascida no sul de França, é de trabalho que fala quando alude ao seu legado e do impacto que o seu exemplo possa ter para as gerações futuras de mulheres piloto.

"Gostava de ser recordada como alguém que trabalha muito, que nunca desiste dos seus sonhos. O meu lema é nunca desistir, aconteça o que acontecer", frisou.

A sexta prova da Red Bull Air Race 2017 vai disputar-se no fim de semana no Porto, reunindo 23 pilotos oriundos de 15 países em duas classes, voando em acrobacias a 370 quilómetros por hora sobre o rio Douro entre as margens do Porto e Vila Nova de Gaia.

JYFO // LIL

Lusa/fim

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