PS tem "saúde" porque rejeitou a direita e os frentismos - Ferro Rodrigues

| Política
Porto Canal com Lusa

Bragança, 25 mai (Lusa) - O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, considerou hoje que o PS liderado por António Costa escapou às crises de outros partidos socialistas porque rejeitou as alianças com a direita, mas também os frentismos de esquerda.

Ferro Rodrigues, antigo secretário-geral do PS (2002-2004), defendeu esta tese sobre a importância de o seu partido se manter "no centro da esquerda, fiel à sua matriz" ideológica, no jantar que encerrou o primeiro de dois dias de Jornadas Parlamentares em Bragança.

Discursando perante os deputados socialistas, o antigo ministro dos governos liderados por António Guterres referiu que, do ponto de vista pessoal, se tem interrogado sobre "qual será o segredo do sucesso comparativo dos socialistas portugueses" face a outros partidos da mesma família política.

"Sinceramente, acho que o segredo para a saúde política do PS está no facto de se ter mantido fiel à sua matriz de partido socialista democrático, europeu e reformista. Por essa Europa fora, a crise da família socialista assenta em casos muito distintos. Ao contrário do que por vezes nos querem fazer crer, não há um padrão único", defendeu o presidente do parlamento.

Ferro Rodrigues referiu então que há partidos socialistas que foram penalizados "por viabilizar governos e políticas de austeridade ou de direita, como na Grécia e na Holanda". "Mas também há quem perca apoio por se virar para nichos mais radicais como acontece no Reino Unido e como vimos em França. Ora, talvez o segredo do sucesso do PS esteja precisamente no facto de não ter ido por nenhum destes dois caminhos. Nem viabilizou um programa que lhe era estranho, nem aderiu a nenhum frentismo programático geral", apontou o presidente da Assembleia da República.

Segundo Ferro Rodrigues, nesta primeira metade de legislatura, o executivo de António Costa "tem procurado em negociação permanente no parlamento concretizar um programa de recuperação de rendimentos e de mudança de política económica, sem pôr em causa os compromissos internacionais de Portugal".

"E aquilo que ao início parecia a fragilidade do acordo de Governo à esquerda revelou ser a sua maior virtude. E talvez seja por isso um dos poucos partidos socialistas capazes de fazer a síntese entre dois eleitorados essenciais a uma maioria de progresso: As classes trabalhadoras e as classes médias mais dinâmicas", advogou ainda o antigo líder do PS.

Na sua intervenção, Ferro Rodrigues fez ainda referências elogiosas ao papel do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para a existência de estabilidade política em Portugal.

"À medida que a legislatura avança, o ambiente político e social vai-se normalizando e a confiança dos portugueses e dos investidores vai crescendo. Para isso tem contribuído o Presidente da República e, de uma maneira geral, todos os grandes protagonistas da vida política portuguesa", disse.

Perante os deputados do PS, o presidente da Assembleia da República falou também na recente morte do fundador e primeiro líder dos socialistas, Mário Soares.

"Está a ser um ano repleto de emoções, muitas boas, outras menos boas para a família socialista, como foi o desaparecimento do militante número um, Mário Soares. Foi sempre o camarada número um, sempre disponível para dar a cara em todos os combates, o nosso querido Mário Soares", completou.

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Lusa/fim

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