A Câmara Municipal do Porto admitiu hoje a sua "preocupação" para com as operações de corte de luz em bairros da cidade que consideram que deveriam ser "previamente comunicadas" à autarquia e até poderiam ter sido evitadas.

"A Câmara Municipal do Porto tem acompanhado com preocupação as operações de corte de energia elétrica a particulares que a EDP Distribuição tem vindo a aplicar a inquilinos de habitações sociais (mas não só), na cidade do Porto, nas últimas 24 horas", refere comunicado da autarquia hoje divulgado.

Lembrando não ser "titular dos contratos de fornecimento de energia", a câmara "lamenta o alarme social provocado pelas operações e seu aparato" e "advoga que intervenções desta natureza deveriam ser previamente comunicadas".

"Quer pelo impacto mediático que provocam quer, sobretudo, pelas consequências sociais que lhe estão inerentes e que, em alguns casos, poderiam ter sido eventualmente prevenidas com a avaliação do quadro social existente", justifica o documento.

Apesar de se ter escusado a comentar quinta-feira as operações de corte de fornecimento de eletricidade no bairro do Lagarteiro, a autarquia vem hoje dizer que "o seu presidente e vereação não são insensíveis ao atual quadro social existente na cidade e em particular na freguesia de Campanhã, onde os cortes têm ocorrido".

Contactado pela Lusa a propósito destes cortes de energia, o socialista Manuel Pizarro, vereador da Habitação e Coesão Social, afirmou ao final da manhã de hoje: "Não tenho nada a dizer, não sou relações públicas da EDP".

No comunicado divulgado cerca das 18:00, a câmara informa estar "já em contacto com a EDP Distribuição e com as Associações de Moradores no sentido de fazer, com urgência, uma avaliação mais pormenorizada das situações em causa, por forma a mediar soluções adequadas para os casos presentes e tomar medidas que possam contribuir para prevenir futuras situações".

"Mesmo percebendo que, entre os cortes de energia elétrica promovidos pela EDP Distribuição poderão estar casos tão diferenciados como puras fraudes ou incumprimentos reiterados e deliberados, haverá, seguramente, situações de manifesta incapacidade de famílias em cumprir compromissos mínimos, relacionados com condições de sobrevivência e dignidade humana", salienta.

Depois dos cortes no bairro do Lagarteiro, hoje foi a vez de Contumil ser alvo de uma operação semelhante, o que motivou uma manifestação à porta das instalações da EDP no Porto, convocada através das redes sociais, numa página associada ao movimento Que Se Lixe a Troika!.

Durante a ação de protesto, alguns dos manifestantes chegaram a entrar nas instalações da EDP junto à Casa da Música, no Porto, e "preencheram o livro de reclamações", contou à Lusa o ex-candidato do BE à autarquia, José Soeiro, que também participou da concentração.

Recorrendo às redes sociais, o bloco lançou um apelo chamado "Faz a tua reclamação à EDP" onde pede a todos que reclamem na página daquela empresa.