Marcas querem novas estratégias para atrair consumidores viciados em promoções
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 14 set (Lusa) -- Os fabricantes de produtos de marcas estão preocupados com os custos das promoções, que já representam quase metade das vendas dos hipermercados, e querem estratégias comerciais para atrair os consumidores que não passem só pelo preço.
No primeiro semestre deste ano, as vendas aumentaram 1,8% para 8,6 mil milhões de euros, sendo as promoções responsáveis por 44,8% do total (39,7% no período homólogo), segundo o Barómetro de Vendas da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), divulgado na terça-feira.
Para o diretor-geral da Centromarca (associação que representa as marcas da indústria) a evolução das vendas é positiva, mas Pedro Pimentel sublinha que o consumidor continua a ser "cauteloso" nas suas compras.
"Não há outra forma de chegar ao consumidor. O preço é o único argumento que é aceite como válido", afirmou, sublinhando que "isto tem um custo".
O ónus, salientou, tem recaído sobretudo nas marcas dos fabricantes" que conquistaram quota de mercado às chamadas "marcas brancas", mas devido essencialmente às políticas promocionais que têm "introduzido uma quebra brutal de valor em toda a cadeia".
Nos primeiros seis meses do ano, a quota de mercado das marcas de fabricante cresceu 1,4 pontos percentuais para 66,7% do total, enquanto as marcas brancas recuaram de 34,7% para 33,3%.
Pedro Pimentel alerta, no entanto, que "a fórmula está gasta" e que as promoções já não conseguem gerar vendas adicionais: se antes da crise, uma promoção de 50% conseguia multiplicar as vendas por 10, atualmente os descontos não chegam muitas vezes a ser suficientes para vender cinco vezes mais.
"As cadeias de distribuição introduziram aqui alguma distorção porque são elas que comunicam as promoções todos os dias, a todas as horas, e geraram um certo cansaço", considerou o responsável da Centromarca.
Segundo Pedro Pimentel, os consumidores estão "viciados em promoções" e já não sentem a necessidade de ir atrás dos descontos porque são as promoções que vêm atrás deles.
O diretor-geral da Centromarca defende, por isso, mudanças nas estratégias comerciais "que levem os consumidores às lojas, mas não só à custa dos preços", incentivando, por exemplo, a experimentar novos produtos.
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