O secretário-geral do PS começou hoje ao ataque o debate com o presidente do PSD, acusando-o de pôr o país a regredir, mas Passos Coelho contrapôs que António Costa repete a receita "socrática" de "desastre" de 2009.
Estas posições foram trocadas na fase inicial do primeiro e único debate televisivo entre os líderes do PSD e do PS antes das eleições legislativas de 4 de outubro, realizado no Museu da Eletricidade, em Lisboa, e transmitido em simultâneo na RTP, na SIC e na TVI.
Moderado pelos jornalistas João Adelino Faria, Clara de Sousa e Judite de Sousa, Pedro Passos Coelho foi o primeiro a falar para sustentar que os portugueses conseguiram ultrapassar um período muito difícil (2011/2014) na sequência da crise internacional e da aplicação do memorando da 'troika' em Portugal, abrindo-se agora, na sua perspetiva, "uma janela para futuro" com a consolidação da recuperação económica.
O líder socialista, logo na sua primeira intervenção, deu uma resposta dura, acusando o primeiro-ministro de não ter cumprido aquilo a que se comprometeu em 2011 perante os eleitores ao aumentar impostos, cortar salários e impostos, e subir a dívida.
"Entra para a História como o primeiro chefe de Governo que entrega ao seu sucessor um país com menos riqueza do que recebeu. Nesta última legislatura, o Produto Interno Bruto caiu quatro por cento", sustentou o secretário-geral do PS, com o presidente do PSD a contrapor, de imediato, que países sob assistência financeira como a Irlanda e Grécia tiveram piores desempenhos em termos de destruição da riqueza.
Depois, Pedro Passos Coelho referiu-se aos dois executivos socialistas liderados por José Sócrates para sustentar que, entre 2005 e 2011, a dívida cresceu a um ritmo mais acentuado do que na última legislatura.
Mas o presidente do PSD aproveitou uma questão colocada por Judite de Sousa a António Costa sobre a herança económico-financeira dos governos socialistas para responder aos ataques do secretário-geral do PS.
Costa tinha antes dito que o programa atual do PS é diferente daquele que foi apresentado pelo seu partido em 2011, esse assente em obras públicas, o que levou Passos a observar que o líder socialista tivera "dificuldade em responder a uma parte da pergunta".
"Disse que o programa do PS atual não tem as obras faraónicas do TGV ou outras consideradas essenciais por José Sócrates, mas tem posições parecidas com as do programa de 2009, como o estímulo ao consumo. Essa abordagem está no seu programa eleitoral, mas conduziu o país ao desastre", afirmou o presidente do PSD.
"Está enganado", reagiu o secretário-geral do PS.