O académico João Cerejeira analisou os programas laborais dos partidos e concluiu que a direita "privilegia a questão do desemprego", por sua vez a esquerda "está focada nos salários".
João Cerejeira, o académico que esmiuçou os programas dos partidos com representação parlamentar sobre o mercado laboral, concluiu que a direita “privilegia a questão do desemprego" com especial enfoque na oferta, esquecendo praticamente as outras vertentes. Por sua vez, a esquerda está focada "na tónica salarial ou (na) tónica da insegurança no mercado de trabalho”, como foi declarado por Cerejeira à agência Lusa.
Contudo, o professor da Universidade do Minho destacou que “quer da coligação quer dos restantes partidos não há propriamente uma avaliação dos impactos das medidas propostas”, com excepção do Partido Socialista, que apresentou um documento à parte, que apesar de tudo continha “algumas omissões, nomeadamente do ponto de vista metodológico”. Esta falta de “honestidade por parte dos partidos em tentar mostrar qual é o impacto das suas medidas" é lamentada por Cerejeira.
Segundo o académico, o programa relativo à coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) para o mercado de trabalho é composto pelo “activar [de] desempregados, formação vocacional, ensino vocacional, adequar qualificações às exigências do mercado de trabalho”.
Na ala esquerda, “quer o PCP quer o Bloco de Esquerda, a tónica é salários e precariedade" contudo Cerejeira ressalva uma diferença considerável na prioridade que dão uma à outra, visto que no programa do PCP há um maior enfoque nos salários e no programa do BE estão mais presentes medidas ligadas à precaridade.
Cerejeira realçou também que o programa PS contém "propostas bastante inovadoras", como por exemplo, o “ajustamento dos contratos actuais através do processo conciliatório, o que na prática vai retirar algumas garantias aos contratos sem termo, mas aumenta garantias aos contratos a prazo”.