As eleições não se ganham, perdem-se. Esta é uma velha máxima das campanhas políticas que curiosamente atingiu o seu auge esta semana com o resultado de umas sondagens a dar a vitória ao PS em percentagem de votos mas não em número de mandatos.
Curiosamente, consultando as sondagens diárias e fazendo uma análise comparativa entre os dias 21 e 24 de Setembro, os únicos que mantêm uma clara tendência ascendente são os votos dos indecisos e os votos em branco / nulos, correspondendo a 30,5% das intenções de voto neste último dia (fonte: http://www.tvi24.iol.pt/eleicoes).
Esta flutuação nas sondagens é fruto da indecisão a que assistimos por parte do eleitorado. No entanto, e paradoxalmente, esta indecisão não é fruto do desconhecimento das propostas dos diversos partidos políticos. Na era da sociedade da informação o eleitor atento encontra um manancial de informação disponível online sobre todas as propostas da extrema-esquerda à extrema-direita. Este excesso de informação, no entanto, não ajuda à tomada de decisão, mas resulta infelizmente num descrédito, por parte do eleitorado, nas propostas apresentadas. Tanto pela falta de transparência e clareza das mesmas como pelo seu teor demagógico.
Acrescenta-se ainda que, à falta de clareza nas medidas apresentadas, a agenda do dia dos diferentes canais de comunicação, disponíveis tanto online como offline, é marcada pelas diversas gaffes cometidas durante a campanha eleitoral, o que contribui em muito para a insatisfação por parte do eleitorado cansado de mais do mesmo.
Passos Coelho quer ser visto como o primeiro-ministro que não hesitou em aplicar medidas difíceis e impopulares para cumprir a palavra e os compromissos assumidos - mesmo que o seu “castigo” seja perder eleições sabendo que veio salvar o país.
Já António Costa apresenta laivos de um D. Sebastião que emergido do nevoeiro apresenta-se como salvador da pátria contra as medidas de austeridade impostas.
Ambos os discursos ou analogias servem à indecisão e ao voto em branco. Quem é que o povo Português quer à frente do seu destino? O “virtuoso” que encarnou o papel de carrasco ou o “salvador” que promete muito mas que de concreto deixa muito a desejar?
Agora que sabemos que o grande vencedor até ao momento é a indecisão aguardamos com expectativa para saber quem vai perder as eleições.
Elizabeth Real de Oliveira
Directora da Faculdade de Ciências da Economia e da Empresa
Universidade Lusíada - Norte