O debate da telefonia, que decorreu nesta quinta-feira, teve como grande protagonista os "1.000 milhões de euros", para os quais António Costa teve dificuldade de justificar. O vencedor do debate não é algo consensual, na opinião dos portugueses, que têm pontos de vista distintos.
Pedro Passos Coelho e António Costa voltaram-se a defrontar, nesta quinta-feira. O sítio escolhido foi o mesmo que no debate televisivo da semana passada – o Museu da Electricidade – e os moldes adoptados na transmissão radiofónica foram também semelhantes ao utilizados no anterior defronto – pois tal como no debate televisivo, o confronto desta quinta-feira contou com a moderação de três locutores: Paulo Baldaia (TSF), Maria Flor Pedroso (Antena 1) e Graça Franco (Renascença), sendo transmitido em simultâneo nas três rádio anteriormente mencionadas.
O debate – que devido a atrasos de ambas as partes começou após a hora estipulada – foi iniciado por António Costa. Durante o decurso do mesmo, vários pontos discutidos, já haviam sido esmiuçados no confronto televisivo da semana passada. Contudo, o nome de José Sócrates, que foi massivamente citado durante o anterior debate, não foi agora mencionado. Contudo, o seu nome acaba sempre por estar implícito na conversação quando se aborda a herança do anterior Governo ou as medidas introduzidas pelo mesmo.
Um dos momentos mais “quentes” do debate teve, exactamente, que ver com a anterior governação do nosso país. Passos e Costa garantiram que os últimos anos trouxeram “muitas dificuldades e austeridade a Portugal”, acusando o anterior Governo de ter deixado “o país pior do que pensava”. António Costa reconheceu essa acusação e asseverou que o seu partido “assume todas as responsabilidades”. Contudo, defendeu que o primeiro-ministro “não pode andar sempre a passar as culpas”.
Um dos temas que mais incitou a discussão foi a Segurança Social. Passos Coelho inquiriu o candidato socialista: “1.000 milhões de euros [de poupança nas prestações sociais] é muito dinheiro, para mais em quatro anos, você precisa mesmo de dizer em que medidas sustenta isto. De que prestações estamos a falar?”. “Não há cortes nas pensões, ao contrário do programa da coligação”, replicou Costa. Passos interrompeu, aferindo que a resposta de Costa não correspondia à verdade. O jornalista e director executivo do Expresso, Pedro Santos Guerreiro, afirma que estes “mil milhões” são “vagos” e “imprecisos” e tal se pode explicar pelo o facto do “programa económico do PS não ser de António Costa, mas de Mário Centeno. Mas não só: o programa económico do PS é muito detalhado em termos macroeconómicos e incrivelmente específico na listagem dos efeitos financeiros nas contas do Estado de cada medida. Mas não detalha muitas das medidas”.
O actual primeiro-ministro encerrou as hostes, sublinhando as medidas que adoptou, numa espécie de balanço da legislatura e do futuro desta, caso seja reeleito.
O empate técnico que se tem verificado nas sondagens, prolonga-se à opinião que os portugueses têm em relação ao candidato vitorioso neste debate. Várias foram as “polls” criadas para determinar o vencedor do debate, através do voto do público. Todavia, nenhuma delas anunciam um claro vencedor. Na “poll” criada no site da Rádio Renascença – que recebeu mais de 13,000 votos -, António Costa “vence” o debate com 52%, contra 48% de Passos Coelho. No Observatório, embora não existam dados específicos quanto ao número de votantes, Pedro Passos Coelho lidera a poll com 59%, face os 41% de António Costa. Também o Económico criou uma “poll” – que conta com mais de 3000 votos - que declara a vitória de Passos Coelho (52%) face António Costa (47%).
O líder da coligação Portugal à Frente e o líder do Partido Socialista – Pedro Passos Coelho e António Costa – defrontaram-se novamente, nesta quinta-feira. Desta feita, o encontro realizou-se na rádio, seguindo um esquema semelhante ao adoptado no debate televisivo, da anterior semana.