Medidas só chegam para défice de 4,1%, mesmo com mais 600 ME de austeridade - UTAO

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 23 out (Lusa) -- O Orçamento do Estado para 2014 tem mais 600 milhões de euros de austeridade do que o previsto em maio na carta enviada à 'troika', contudo, as medidas só chegam para um défice de 4,1%, segundo a UTAO.

Na análise à proposta de Orçamento do Estado para 2014 elaborada pelos técnicos independentes, a que a agência Lusa teve acesso, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) inclui nas contas o efeito líquido do programa de rescisões por mútuo acordo e conclui que "as medidas já anunciadas resultam num efeito líquido de 2,1% do PIB, 0,1 pontos percentuais abaixo ao considerado no mesmo relatório como necessário para garantir o ajustamento orçamental".

Os técnicos explicam ainda que sem medidas pontuais o défice seria de 4,1% do PIB, pouco mais, mas superior aos 4% acordados com a 'troika' para 2014, e a contar que as medidas tenham todo o efeito planeado e que o cenário macroeconómico se concretize como projetado.

Ainda assim, está prevista uma diferença com uma medida pontual de 0,1 pontos percentuais no PIB, mas que não está especificada, e que os técnicos acreditam poder ser o valor para as contas públicas da concessão dos portos.

Sobre as contas à austeridade, a UTAO escreve diretamente que o valor das medidas previstas no Orçamento "são superiores às inscritas na correspondência do senhor primeiro-ministro do dia 03 de maio, endereçada à Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu".

"Na correspondência do senhor Primeiro-Ministro do dia 03 de maio, endereçada à Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central, as medidas de consolidação orçamental a efetuar no âmbito da reforma do Estado e do sistema de pensões, em termos brutos, para 2014, estava avaliada em 3.587 milhões de euros. A consolidação orçamental estipulada no OE2014 como necessária para alcançar o objetivo de 4,0% de défice orçamental atinge (excluindo medidas pontuais) em termos brutos 4.178 milhões de euros, uma diferença de 0,4 pontos percentuais do PIB", explicam os técnicos.

Sobre a estratégia, os técnicos independentes dizem que o conjunto de medidas também sofre uma grande alteração, com um menor corte de despesa ao nível das prestações sociais e das pensões, lembrando que "a reforma do sistema de pensões definidas na correspondência de 03 maio implicava corte adicionais de, aproximadamente, 750 milhões de euros relativamente à inscrita no Orçamento do Estado para 2014", apesar do bolo total ser superior ao previsto.

Ainda assim, o Orçamento acaba por ter um impacto menos negativo nas contas com o valor previsto para pagar rescisões na função pública.

Segundo os técnicos, "para 2014 está previsto no Orçamento do Estado que o impacto temporário negativo respeitante ao pagamento da compensação devido à rescisão por mútuo acordo é de 227 milhões de euros.

No entanto, "no Documento de Estratégia Orçamental 2013-17 este montante era de aproximadamente 600 milhões de euros em termos brutos e de 550 milhões de euros em termos líquidos, via aumento de receita de IRS. Esta diferença poderá ser justificada por uma alteração na previsão das rescisões por mútuo acordo, nomeadamente uma revisão em baixa", adianta a UTAO.

A justificar parte desta mudança estará também o chumbo do Tribunal Constitucional a parte da lei do regime de requalificação, que permitia ao Estado em ultima análise despedir funcionários públicos.

NM // ARA

Lusa/Fim

+ notícias: Política

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".

Austeridade: programa de rescisões poderá conter medida inconstitucional - jurista

Redação, 06 mai (Lusa) - O especialista em direito laboral Tiago Cortes disse hoje à Lusa que a constitucionalidade da medida que prevê a proibição do trabalhador do Estado que rescinde por mútuo acordo voltar a trabalhar na função Pública poderá estar em causa.