Dinheiro depositado por portugueses em offshores regista maior subida dos últimos dez anos

Porto Canal (LYF)
Depois de cerca de uma década em declínio os portugueses voltaram a apostar em colocar o seu dinheiro nas offshores. Poucos são os dados que se sabem mas os de 2015 apontam que o valor de ativos que os portugueses têm aplicado nas offshores subiram na ordem dos 13%, tornando-se no maior aumento dos últimos dez anos.
Este número representa apenas uma parte do dinheiro que empresas e cidadãos nacionais têm em paraísos fiscais e que, será de cerca de 69 mil milhões de euros, aponta o Diário de Notícias (DN).
Segundo os dados aos quais o DN teve acesso, os portugueses começaram a apostar mais nas offshores a partir de 1999.
Em 2007 registou-se um aumento exponencial, totalizando 27,5 mil milhões de euros. A crise económica que nessa altura abateu o país explica a grande quebra que depois se iniciou, uma descida na ordem dos 65,7%. Em 2015 esses valores voltaram a subir.
Os dados mostram ainda que o total de investimento direto e de carteira de nacionais nos vários países do mundo aumentou apenas 0,8%, um número mínimo comparado com a subida de 13% nas contas offshores.
Abrir sociedades veículo ou colocar ativos em offshores não é, só por si, uma atividade ilícita. Todos os grandes bancos portugueses os têm em paraísos fiscais.
As Bahamas e as ilhas Caimão são alguns dos sítios mais comuns, sendo o último, segundo o Fundo Monetário Internacional, a offshore mais requisitada pelos portugueses. Foram cerca de 3,2 mil milhões de euros aplicados em 2015 (mais 10% do que em 2014).
“Divulgações como esta, dos Papéis do Panamá, acabam por servir de exemplo e de desincentivo para muita gente que, eventualmente, até recorreu a uma offshore apenas por questões fiscais, mas depois se vê lado a lado com pessoas que movimentam o dinheiro mais sujo do mundo”, explica uma fonte ao DN, que não quis ser identificada.