Papéis do Panamá: BE e CGTP sintonizados contra 'off-shore' da Madeira
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 05 abr (Lusa) - O BE e a CGTP mostraram-se hoje sintonizados pelo fim do "offshore" da Madeira, na sequência do caso dos Papéis do Panamá, e pela valorização dos direitos dos trabalhadores em Portugal, após uma reunião na sede bloquista.
"É um escândalo porque se conhecem muitos nomes, mas quem não sabia? Trata-se de um verdadeiro assalto, que é feito aos países e às sociedades. Defendemos o fim dos "offshores" e Portugal devia dar o exemplo, com a praça financeira da Madeira", afirmou a porta-voz bloquista, Catarina Martins.
A dirigente bloquista acrescentou existir uma "convergência grande com a CGTP", pois "uma vez passado o Orçamento do Estado para 2016, é o momento para retirar a 'troika' da legislação laboral", combatendo a precariedade e a valorização dos salários.
"Confirma o que a CGTP sempre disse, que são espaços privilegiados de lavagem de dinheiro, negócios ilícitos, fuga e fraude fiscal, usados pelos chamados 'chicos espertos' para continuar a viver à grande e à francesa, à custa daqueles que todos os dias trabalham", concordou o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, defendendo ser tempo de "acabar com o "offshore" da Madeira porque não emprega pessoas e dá cobertura a estas práticas".
O também membro do Comité Central do PCP sublinhou a "grande sintonia nas prioridades para os trabalhadores e o país" com o BE, sobre "um conjunto de medidas de valorização do emprego, baseada na estabilidade e na segurança, com o aumento geral salários, a contratação coletiva.
O caso dos Papéis do Panamá é uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), e destacou os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.
A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas "offshore" em mais de 200 países e territórios.
A partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em "offshores" e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.
O semanário Expresso e o canal de televisão TVI estão a participar nesta investigação em Portugal.
HPG // ZO
Lusa/Fim