Governo vai dar "prémio" por vaca a produtores de leite
Porto Canal
O ministro da Agricultura anunciou hoje um "prémio" por vaca para os produtores de leite como "demonstração de solidariedade" pela crise que afeta o setor e criticou o "cariz liberal" da maioria dos governos europeus, que impede a regulamentação do mercado.
Em Braga, à margem de uma visita à Feita Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação, AGRO 2016, Capoulas Santos considerou que o problema que afeta o setor leiteiro é europeu e que por isso deve ser resolvido com medidas europeias e não apenas nacionais.
Entre as medidas defendidas pelo governante está a redução da produção de leite e a reintrodução de um sistema de quotas mas, alertou, não pode ser apenas um Estado-membro a diminuir aquela produção, porque correria o risco de ser o "idiota útil" na União Europeia.
"No âmbito da utilização dos dinheiro do primeiro pilar da Política Agrícola Comum (PAC) vamos utilizar verbas remanescentes para dar um prémio por vaca, de montante a definir em função das poupanças que conseguirmos gerar, mas que permitirão dar um prémio por vaca que iremos aplicar logo que tivermos as contas apuradas", anunciou Capoulas Santos.
Esta é uma medida a juntar a outras duas, entretanto já anunciadas: a diminuição em 50% das contribuições dos agricultores e seus assalariados para a Segurança Social e uma linha de crédito de 200 milhões de euros.
Capoulas Santos deixou ainda críticas aos seus "colegas" ministros da Agricultura dos restantes países europeus.
"Temos um problema na Europa que está a afetar milhares de produtores de todos os estados-membros e eu não percebo como é que os ministros da agricultura meus colegas se mantêm reticentes em adotar medidas de redução da produção", disse.
"Estamos numa Europa cujos governos são maioritariamente de cariz liberal e que não querem ouvir falar em quotas, em intervenção no mercado porque consideram que o mercado resolve tudo", sublinhou.
Questionado porque não pode então Portugal, ou outro estado-membro, reduzir a sua produção de leite, o governante apontou que essa medida não teria efeitos desejáveis.
"Defendo que se reduza a produção à escala europeia porque se vai um Estado-membro por si só e voluntariamente reduzir a produção está a fazer o papel de idiota útil. Está apenas a reduzir uma quota de mercado para que outros venham ocupá-la", explicou.