Obra completa do cineasta Gabriel Abrantes em mostra no Lincoln Center em Nova Iorque
Porto Canal com Lusa
Nova Iorque, 10 fev (Lusa) - O realizador português Gabriel Abrantes disse à Lusa que a mostra da sua obra completa no Lincoln Center, em Nova Iorque, que termina esta quinta-feira, tem sido "um enorme sucesso".
Tem sido "um enorme sucesso", particularmente durante o fim de semana. "Quase todas as sessões estão cheias, os diálogos com os realizadores, no final de cada projeção, têm sido muito interessantes", disse o realizador à Lusa.
As obras de Abrantes estão integradas na mostra "Friends with benefits: An anthology of four new american filmmakers", que começou na passada sexta-feira, e inclui os norte-americanos Alexander Carver, Benjamin Crotty e Daniel Schmidt (Gabriel Abrantes nasceu nos Estados Unidos e tem dupla nacionalidade).
"Em menos de uma década de atividade, estes quatro amigos, e polimorficamente promíscuos colaboradores, fizeram alguns dos filmes mais arrebatadores e inclassificáveis de que há memória recente - e estabeleceram-se como uma escola de cineastas como nenhuma outra", escreveu a organização, na apresentação deste ciclo.
Abrantes foi convidado para esta mostra por Dennis Lim, diretor do Film Society do Lincoln Center, que também já o convidara para apresentar "Palácios de Pena", no Museum of Moving Image, também em Nova Iorque.
"Ele queria dar relevo ao meu percurso, que é muito pouco habitual, sendo que é principalmente composto por curtas-metragens surreais e irreverentes", explica o realizador.
Abrantes diz que a escala e ambição do programa, num local de prestígio como o Lincoln Center, fazem "com que sinta uma enorme felicidade e honra ao receber este convite", e gratidão pelo risco tomado pelos programadores.
"O nosso trabalho não é fácil - é estranho, perverso, e arrojado. Acho que tiveram imensa coragem e visão, quando programaram um ciclo tão robusto de autores tão jovens e com um trabalho tão excêntrico e provocador", explica.
O luso-americano encontra também satisfação em ver os seus filmes mostrados, integralmente e pela primeira vez, com o dos outros três realizadores.
"Acaba por ser um momento muito pessoal e marcante, uma reunião e consagração de quatro amigos que têm uma visão em comum", disse à Lusa.
Para Abrantes, esta mostra é o ponto alto de um mês de fevereiro com grande destaque internacional.
No início do mês, o realizador foi o curador de um ciclo de curtas homoeróticas no LightIndustry, em Brooklyn, e de um evento que juntou as obras de Pier Paolo Pasolini e de João Pedro Rodrigues, no Spectacle Theatre, também em Brooklyn.
A 08 de fevereiro, o seu filme "Uma Breve Historia da Princesa X" - a escultura na base do escândalo do Salão Internacional de Arte de Paris, em 1920 -, dedicado ao escultor Constantin Brancusi e à escritora Marie Bonaparte, teve a sua antestreia na Tate Britain, em Londres, no Reino Unido.
Esta sexta-feira, o mesmo filme estreia-se em mais de 60 salas comerciais britânicas, como a "curta" que antecede a nova longa-metragem dos irmãos Coen, "Hail, Cesar".
Entre os dias 15 e 20 deste mês, o seu filme "Freud Und Friends" terá a sua estreia em competição na Berlinale, na Alemanha.
Em Portugal, a sua obra completa pode ser vista, desde 20 de janeiro e até 24 de fevereiro, num ciclo que a RTP2 promove no programa Cinemaxx.
Gabriel Abrantes é um dos mais prestigiados realizadores portugueses, com obras apresentadas nos festivais de Berlim, Veneza e Locarno, onde recebeu o Leopardo de Ouro.
As suas obras têm sido distinguidas pelo seu vanguardismo formal, aplicando um humor desconcertante a temas atuais, como as identidades culturais e sexuais, a ecologia ou a tecnologia.
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