Passos diz representar o "centro moderado" contra PS em "deriva radical"

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 03 dez (Lusa) - O presidente do PSD apresentou-se hoje como representante do "centro moderado" contra um PS que acusou de estar em "deriva radical" e de ter ido ao encontro das forças à sua esquerda nas "matérias fundamentais".

"Na verdade, estão de acordo quanto ao essencial. E o essencial para estes partidos é que a economia evolua para um Estado mais interventor na organização e na estrutura empresarial, reforçando o poder da CGTP e de outros grupos de pressão e recriando uma influência protecionista que traga para a esfera pública a gestão e controlo da atividade relevante", sustentou Passos Coelho, no final do debate do Programa do Governo do PS, no parlamento.

O ex-primeiro-ministro justificou, assim, a moção de rejeição conjunta do PSD e do CDS-PP ao Programa do XXI Governo Constitucional, além de voltar a contestar a legitimidade do executivo do PS, que disse ser construído "nas costas do povo".

Referindo-se ao Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes", com quem o PS assinou acordos políticos bilaterais, Passos Coelho afirmou: "Do que conhecemos dos valores políticos destas forças partidárias, bem como da projeção que podemos fazer das respetivas visões do Estado, da economia e da sociedade, não só não concordamos com elas, como nos opusemos a elas, e a elas nos continuamos e continuaremos a opor, tal como a grande maioria dos portugueses".

Segundo o presidente do PSD, "o PS quis aliar-se aos radicalismos de extrema-esquerda", e isso foi "uma escolha de natureza programática" e não "apenas uma questão de poder".

"Ao fazê-lo, fez uma escolha nada óbvia para os eleitores, admito que mesmo para muitos dos seus eleitores, e colocou-se na posição de favorecer uma soma de minorias que, para ser autossuficiente, como esta tem obrigação de o ser, não pode esconder nem disfarçar as raízes antieuropeístas, para não dizer anti economia social de mercado e de pendor monolítico, logo, antipluralistas", considerou.

Passos Coelho referiu que "socialistas e comunistas" decidiram "reverter reformas estruturais no mercado laboral ou nos mercados de produto, incluindo por exemplo reverter privatizações e concessões ou impor à generalidade das empresas resultados de negociação coletiva independentemente do critério da representatividade", acrescentando: "Estamos a falar de matérias estruturais que são importantes e essenciais".

De acordo com o presidente do PSD, "também quando afirmam que é preciso reverter a política de exigência educativa" estão em causa "matérias fundamentais".

Quanto à inserção de Portugal no projeto europeu, o ex-primeiro-ministro disse ter dúvidas sobre "qual é a visão prevalecente", e manifestou o temor de que a questão europeia acabe "secundarizada nas estratégias nacionais".

"Seja qual for a resposta que o tempo nos vier a revelar, permanece a convicção demonstrada pelo líder socialista ao afirmar que confia no PCP como parceiro de suporte à governação e que com ele está de acordo no essencial. E essa é também uma razão objetiva para chumbar o programa deste Governo", defendeu.

Passos Coelho insistiu que "este novo PS decidiu afastar-se do seu património político histórico e sente-se hoje próximo, no essencial, das ideias que combateu no passado".

"Respeitamos essa escolha e essa realidade. Mas o PS, ao ter-se deslocado para uma partilha de ideias e valores que se afasta radicalmente da generalidade dos cidadãos, não o fazendo por oportunismo, mas por convicção, só reforça a justificação para a apresentação desta moção de rejeição, submetida por quem, no centro moderado, deve ter a responsabilidade de organizar uma alternativa de governo para Portugal que vá ao encontro das aspirações dos portugueses ", concluiu.

IEL // ZO

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