Passos diz esperar que não sejam necessários "novos sacrifícios"

| Política
Porto Canal

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, deixou hoje vários alertas para o que considera serem possíveis consequências da governação do PS e disse esperar que não sejam necessários "novos sacrifícios".

No encerramento do debate do Programa do XXI Governo Constitucional, na Assembleia da República, Passos Coelho recusou que a austeridade dos últimos quatro anos tenha tido "raiz ideológica" e defendeu que o anterior executivo PSD/CDS-PP teve "a coragem tão necessária como criticada para executar as políticas adequadas", permitindo que agora essas medidas possam "ser removidas progressivamente".

Contudo, apontou riscos à forma acordada pelo PS com BE, PCP e PEV para fazer essa remoção: "Só espero que o excesso de voluntarismo que parece querer acelerar o ritmo da remoção de tais medidas não venha a acarretar novos sacrifícios, forçados pela imprudência orçamental e pela vontade de criar uma impressão de bondade".

Em seguida, o ex-primeiro-ministro sustentou que tudo se encaminha para que o défice no final deste ano fique abaixo de 3%, e deixou uma advertência nesta matéria: "Espero agora, também, que a mesma vontade não venha a pôr em causa o esforço realizado pelos portugueses".

Mais à frente, Passos Coelho elencou o desemprego e a dívida como "grandes dificuldades" que Portugal ainda enfrenta, e deixou mais um aviso, desta vez sobre o acesso a financiamento.

"Qualquer inversão de tendência neste domínio comporta riscos de stresse financeiro que, na ausência de políticas acomodatícias do Banco Central Europeu (BCE), podem dificultar o acesso a financiamento ou agravar o seu custo, com prejuízo para a economia", disse.

Passos Coelho assinalou, depois, que o presidente do BCE, Mario Draghi, tem "referido insistentemente" que "sem reformas estruturais conduzidas pelos Estados-membros não há gestão da procura agregada que possa garantir o crescimento".

No final do seu discurso, o presidente do PSD abordou a questão das regras europeias, afirmando que "as ações valem mais do que muitas palavras".

"Veremos que avaliação os nossos parceiros europeus e os nossos credores farão a seu tempo sobre a reversão de medidas de caráter estrutural, aliada a uma política orçamental aventureira e experimentalista", acrescentou.

Neste contexto, deixou um último alerta sobre uma eventual fuga de investimento: "Num país que não tem capital para crescer e que necessita de investimento direto externo, as medidas que se pré-anunciam com apoio socialista e comunista só podem afastar investidores e agentes económicos, penalizando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) potencial e dificultando a eficácia da política orçamental".

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