Álvaro Beleza quer PS sem "truques" e "habilidades" a falar com PSD/CDS-PP

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 07 out (Lusa) - O dirigente socialista Álvaro Beleza disse hoje que o partido deve ser humilde e, sem "truques" e "habilidades", deve falar com PSD e CDS-PP no seguimento das legislativas de domingo porque "é isso que os portugueses querem".

"Temos de ser humildes. As coisas não correram bem, os portugueses votaram e temos de permitir que haja um governo e que seja primeiro-ministro quem ganhou. Sabendo ele [Passos Coelho], porém, que vai ter de conversar com o PS, é isso que os portugueses querem, que o Governo não aplique todas aquelas medidas que tem aplicado ao longo destes anos, nomeadamente nas áreas sociais, saúde, segurança social", vincou.

O socialista - que integrou a direção do PS de António José Seguro e foi um dos responsáveis pela transição entre essa liderança e a de António Costa - falava no final da reunião da Comissão Política Nacional do partido, em Lisboa, que arrancou pouco depois das 21:30 de terça-feira e acabaou já depois das 02:00 de hoje.

O PS, advoga Álvaro Beleza, "será governo quando ganhar as eleições".

"Não podemos fazer truques e habilidades porque os portugueses querem coisas simples", realçou.

"É assim que as coisas devem ser, é essa a tradição portuguesa. O Governo passou de maioria para minoria, vai ter de negociar com o PS, é esse o sinal que os portugueses disseram. Nunca seremos muletas nem do Governo nem da esquerda radical", prosseguiu o dirigente socialista.

Sobre o comunicado final hoje aprovado na Comissão Política Nacional, Beleza diz que o PS "não pode ser o partido das meias tintas" e o texto deveria ser mais claro no caminho a trilhar após as legislativas de domingo.

"Para mim clareza é dizer que [o PS] não está disponível para fazer um governo de imediato de frente-esquerda. Ao longo da legislatura até pode ter de acontecer, mas em Portugal temos um sistema constitucional em que há uma disputa para primeiro-ministro. (...) O PS não concorreu para tirar a maioria absoluta ao Governo, o PS concorreu para ter um primeiro-ministro, que era o António Costa", afirmou.

O texto final, insistiu, "deveria ser mais claro em relação à posição do PS" e devia posicionar o partido como "fator de estabilidade" e agente promotor de uma "oposição construtiva".

"O PS deve ser um partido responsável, europeu, que defende a estabilidade do país nesta altura e assume os resultados eleitorais", sublinhou ainda.

Álvaro Beleza, que na terça-feira havia defendido, em declarações à agência Lusa, a realização de primárias no partido a seguir às presidenciais de janeiro, sublinhou que a "clarificação interna" surgirá depois do sufrágio para Belém e mostrou confiança em que Portugal terá uma "mulher Presidente da República" a partir de 2016, numa referência a Maria de Belém.

A Comissão Política Nacional do PS decidiu hoje conceder liberdade de voto aos socialistas na primeira volta das eleições presidenciais entre os candidatos do seu espaço político, para já, Sampaio da Novoa e Maria de Belém.

Na reunião da Comissão Política, uma das intervenções mais duras contra a liderança de António Costa foi feita por António Galamba, também ele - como Beleza - membro do Secretariado Nacional do PS nas direções de António José Seguro.

"O secretário-geral do PS foi eleito para unir o partido e conquistar uma maioria absoluta. Sobre o processo não vou falar mais, mas teve consequências eleitorais, porque afetou a perceção dos eleitores sobre o caráter do candidato a primeiro-ministro", apontou.

Segundo Galamba, após a derrota nas eleições legislativas, "manda a responsabilidade política que se seja coerente com aquilo que o PS exigiu à direita".

"Exigimos a demissão de ministros como Paulo Macedo, Paula Teixeira da Cruz ou Nuno Crato sempre que passavam dos limites do aceitável. Aliás, na boa tradição de Jorge Coelho, que se demitiu mesmo quando não tinha responsabilidades políticas diretas, o que não é o caso agora", frisou.

António Galamba criticou ainda a direção do PS por se apresentar às eleições presidenciais "sem estratégia".

"Teremos pela primeira vez em 41 anos uma situação em que o PS não apoiará uma candidatura presidencial. Para não termos a segunda derrota eleitoral, é aceitável a realização do congresso nacional após as presidenciais", acrescentou.

A reunião de terça-feira da Comissão Política do PS seguiu-se às legislativas de domingo, que a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) venceu com 38,55% (104 deputados), e com o PS a conseguir 32,38% (85 deputados).

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