Fogo do Caramulo obrigou a evacuação de aldeia

| Norte
Porto Canal

O incêndio que lavra na Serra do Caramulo obrigou hoje a que cerca de 50 pessoas tivessem que ser retiradas da povoação do Braçal, na freguesia de S. João do Monte, no concelho de Tondela.

À entrada da povoação de Abóboda, na freguesia de S. João do Monte, encontram-se, às 10:00, algumas dezenas de habitantes do Braçal que, por volta das 05:30 da madrugada de hoje, foram obrigadas a fugir do fogo.

Ora sentados num muro de pedra, ora encostados a carros, os habitantes do Braçal aguardam à beira da estrada.

Estão angustiados. Não sabem o que as chamas terão consumido.

"As chamas andavam mesmo perto de minha casa durante a madrugada e a GNR obrigou-me a sair de lá porque era perigoso. Já me tinham ardido as cabras e os correios também arderam", explicou à Lusa Maria Fernandes.

Aos 66 anos, garante nunca ter visto nada assim: "Se o GNR não me tivesse trazido, de certeza que morria lá toda queimada", lamentou.

Maria de Fátima, de 58 anos, também foi retirada de sua casa com os seus restantes familiares.

"Arderam-me as vacas, as vitelas, um rebanho de ovelhas e nós tivemos de sair apenas com a roupa do corpo. O importante é não morrer nenhuma pessoa, mas não sei como vai ser depois disto!", alegou.

Maria de Lurdes Cardoso, de 64 anos, foi das últimas pessoas a sair do Braçal, juntamente com o marido.

"Foi uma aflição enorme! Oxalá ninguém se veja numa situação destas, parece o inferno", descreveu.

Também a sua vizinha, Maria dos Anjos Martins, de 86 anos, foi retirada da aldeia pela GNR, juntamente com um irmão.

"Eu não queria sair, queria tentar salvar as minhas coisas, mas o senhor guarda trouxe-me por um braço. Que desgraça esta, o que vai ser de mim", relatou em lágrimas.

Sentadas num muro de escassos centímetros à beira da estrada, duas irmãs, de 21 e 23 anos, tentavam manter a calma, na esperança de que a sua casa tivesse sido poupada.

"Saímos com a roupa do corpo e não sabemos o que vamos encontrar quando regressarmos ao Braçal", apontou Ana Catarina Gonçalves.

A jovem revelou que os momentos de maior aflição começaram por volta das 02:00 da manhã de hoje, quando o fogo se começou a aproximar a grande velocidade.

"Apercebemo-nos de um clarão e em poucos segundos já estava perto de nós. Foi horrível", concluiu.

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