O governo de Atenas não exclui a hipótese de criar uma moeda paralela ao euro. No entanto, o cenário apontado como mais provável é a saída do euro.

Numa altura em que o mundo discute o futuro da Grécia, após o "não" às propostas dos credores no referendo de Domingo, os analistas não colocam de parte nenhuma hipótese, nem mesmo a saída da zona euro. Este é, aliás, um cenário que tem vindo a ganhar força nos últimos dias.

O abandono do euro, significaria o regresso ao 'dracma'. O que segundo Steven Santos, gestor do BiG, em declarações ao Diário de Notícias, poderia ser feito de duas formas: directa ou indirectamente. No segundo caso, o "cenário seria a utilização temporária de uma divisa alternativa para haver tempo de imprimir os dracmas e preparar a transição monetária", revelou Steven Santos.

As alternativas ao "grexit", poderão passar pela emissão de liquidez paralela e de cupões IOU ("i owe you"). Em tradução livre, os cupões IOU significam "fico a dever-lhe", e consistem em notas promissórias. "São uma divisa alternativa ao euro, que funcionaria como um título temporário sem juros e que reconhece uma dívida", explicou Steven Santos.

A divisa serviria para pagar a reformados e funcionários públicos. Steven Santos afirma que "embora dificilmente fossem aceites em lojas, poderiam ser aceites para pagamentos ao Estado ou para contas energéticas. Ao mesmo tempo, o governo iria receber impostos em euros, enquanto os pagamentos seriam em IOU". Esta é uma medida com casos de sucesso no passado, nomeadamente nos Estados Unidos em 2008, aquando da falência do Lehman Brothers. No entanto, 90 milhões de IOU foram emitidos sete anos na Argentina, na altura sem resultado.

Eduardo Silva, gestor da TXB não exclui "nem mesmo um acordo para um terceiro resgate, um alívio de dívida, sob a forma de perdão, ou um aumento dos prazos e redução dos juros".

No entanto, segundo os analistas a saída da Grécia do euro é mesmo um dos cenários mais prováveis. Em nota publicada pelo Deutsche Bank, lê-se que a probabilidade do 'grexit' cresce "conforme aumenta a margem de vitória do 'não'".