TAP: Nas duas últimas semanas de Abril quota da TAP em Lisboa caiu para mínimo de sempre
Porto Canal / Agências
"Temos números muito fiáveis que nos mostram que a confiança dos clientes na TAP se está a ressentir", afirmou o secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, numa conferência no ministério da Economia, garantindo não se tratar de retórica.
"Nas duas últimas semanas de abril bastou que houvesse um anúncio da greve", decidida pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), "para que a quota de mercado da TAP no aeroporto de Lisboa (o mais representativo) tenha caído para o mais baixo nível de sempre, desde que há registos de quota de mercado", explicou o governante.
"Isto é muito expressivo. Esta greve não beneficia a TAP", mas sim as companhias aéreas que operam no mercado português, sublinhou Sérgio Monteiro.
Os pilotos convocaram uma greve, para o período entre 01 e 10 de maio, por considerarem que o Governo não está a cumprir o acordo assinado em dezembro de 2014, nem um outro, estabelecido em 1999, que lhes dava direito a uma participação de até 20% no capital da empresa no âmbito da privatização.
"A TAP está a ressentir-se de forma muito importante" na relação de confiança com os clientes, a qual "num ápice se perde", disse hoje o governante.
Questionado sobre se a TAP pode ficar sem dinheiro antes do verão, Sérgio Monteiro disse que isso "depende da relação de confiança que os clientes" têm com a operadora aérea portuguesa, caso deixe de haver confiança, o governante admitiu que a empresa pode vir a "ter um problema a curto prazo".
"É muito mais grave o problema da quota de mercado agora do que foi, por exemplo, aquando dos problemas operacionais" no verão passado, apontou o secretário de Estado, que acrescentou que as equipas comerciais da TAP estão a tentar inverter a situação.
Sérgio Monteiro apontou que no caso dos problemas operacionais da TAP no ano passado, "as perdas de quota de mercado" foram de cerca de "um ponto percentual e meio", enquanto que "no caso das duas últimas semanas [de abril]" a companhia aérea portuguesa registou "perdas de quota de mercado que, por vezes, chegam a 10 pontos percentuais nalguns dias".
O governante escusou-se a detalhar a quota de mercado da TAP, adiantando que "não é útil" para empresa esses dados serem avançados.
"Esta greve é muito mais gravosa para a TAP" que o problema do ano passado, mas "ainda estamos a tempo" de evitar que o impacto financeiro atinja os mais de 30 milhões de euros, que é o valor estimado para os 10 dias de greve.
Nos primeiros três dias de paralisação, o governante adiantou que o impacto financeiro, incluindo os custos indiretos, ascende os 10 milhões de euros.
Sérgio Monteiro deixou ainda um "apelo" à direção do SPAC, recordando que "faltam ainda muitos dias" e que o impacto negativo pode ser "evitado na empresa e na economia".
"Está na mão da direção sindical, são menos de 10 pessoas", disse, apontando que está todo um setor ligado à companhia aérea "nas mãos dessas pessoas".
Por isso reiterou que "revejam a decisão", garantindo que o prazo para entrega das propostas para a compra da TAP mantém-se.
Na intervenção inicial, Sérgio Monteiro apontou que há clientes a manter confiança na TAP e que têm "pacientemente aguardado que a situação se resolva", mas alertou que "essa confiança tem sempre um limite temporal".
Sérgio Monteiro teceu um "agradecimento sincero aos clientes que continuam a confiar na companhia aérea" portuguesa.
O governante destacou ainda a importância dos trabalhadores da TAP que estão no apoio aos clientes e no planeamento de voos, os quais "têm dedicado muito menos tempo à família", têm laborado fins de semana e feriados sem retribuição extraordinária "para garantir que o impacto desta greve junto dos clientes seja minimizado".
ALU(JNM)// ATR
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