Viana do Castelo, 13 ago (Lusa) - A Câmara de Viana do Castelo voltou hoje a indeferir o pedido de instalação de uma arena amovível no concelho para receber uma tourada no domingo, por implicar, durante seis horas, o encerramento de uma estrada que serve 200 habitações.

A informação foi confirmada à Lusa pelo presidente da autarquia, José Maria Costa, e já foi transmitida ao Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, que suspendeu o primeiro indeferimento municipal, e à organização da corrida de touros agendada para este domingo, em terrenos privados da freguesia de Darque.

"Como principal responsável da proteção civil municipal não posso garantir estas condições, de privar parte significativa da população de Darque de qualquer acesso de emergência em caso de necessidade, e por isso vamos voltar a indeferir o pedido e já informamos o tribunal", disse o presidente da Câmara de Viana do Castelo.

É que no plano de mobilidade que a federação "Prótoiro" entregou na Câmara na passada sexta-feira, explicou José Maria Costa, a empresa que desenvolveu esse estudo defende, entre outras medidas, o encerramento entre as 15:00 e as 21:00 de domingo (durante a tourada) da estrada de acesso aos terrenos onde hoje começou a ser montada a arena amovível para 3.300 pessoas.

Isto porque aquele arruamento, que serve cerca de 200 habitações da freguesia, apresenta "grandes fragilidades", nomeadamente por não permitir qualquer inversão de marcha ou mesmo o cruzamento de viaturas ligeiras.

"O encerramento desta via significa que teríamos parte da população de Darque sitiada e que durante cerca de seis horas não teríamos qualquer tipo de acesso para socorrer em caso de emergência, quer quem está nas touradas quer as habitações ali existentes", explicou ainda José Maria Costa.

Este plano de mobilidade foi apresentado pela "Prótoiro", após primeiro indeferimento municipal, precisamente por questões de segurança.

Apesar deste novo indeferimento, a arena amovível onde no domingo vai ocorrer o regresso das touradas a Viana do Castelo, a primeira cidade a declarar-se "antitouradas" em Portugal, começou hoje a ser instalada, viabilizada precisamente por uma decisão judicial.

Apesar do indeferimento inicial, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga deu provimento à providência cautelar interposta na semana passada por aquela federação das associações taurinas, dando cinco dias à Câmara para se pronunciar - o que aconteceu hoje -, mas suspendendo entretanto a primeira decisão.

"Está em causa a segurança de pessoas e bens. Eu não assumo qualquer responsabilidade de interditar aquele arruamento porque não estão reunidas as condições de segurança. Quem quiser que assuma esse risco", afirmou ainda José Maria Costa, aludindo à possibilidade de o tribunal já não tomar qualquer decisão em tempo útil, tal como em 2012.

A "Corrida pela Liberdade" está agendada para as 17:00 do próximo domingo, dia forte da Romaria d'Agonia.

Por proposta da maioria PS, a Câmara de Viana do Castelo aprovou em fevereiro de 2009 uma declaração afirmando-se como "antitouradas", garantindo travar o licenciamento deste tipo de espetáculos sempre que tal dependesse de autorização municipal.

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