Bloco de Esquerda realça que colapso do banco reflete desordem do sistema financeiro

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 26 mar (Lusa) - A coordenadora do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda na comissão de inquérito ao caso BES/GES, Mariana Mortágua, destacou hoje que a queda do banco liderado por Ricardo Salgado se deve a um problema maior, relativo ao próprio sistema financeiro.

"O Bloco de Esquerda considera que a responsabilidade daquilo que aconteceu no BES [Banco Espírito Santo] é dos administradores do banco. Também está claro que houve falhas a nível da supervisão, porque consideramos que o Banco de Portugal agiu tarde e muitas vezes não agiu com a força com que devia ter agido", afirmou a parlamentar em conferência de imprensa na Assembleia da República.

E destacou: "O maior engano que esta comissão de inquérito pode cometer é centrar-se no caráter de Ricardo Salgado. Olhando para trás, há várias crises financeiras e há muitas histórias iguais às do BES".

Mariana Mortágua vincou que "o problema do sistema financeiro é bem mais grave, bem mais estrutural e bem mais sério do que a conduta de Ricardo Salgado".

A deputada bloquista considerou que ficou claro, no final da extensa ronda de audições no âmbito da comissão de inquérito, que se prolongou por cerca de quatro meses, que vão "haver custos para os contribuintes", acrescentando que tal é inevitável seja pelo envolvimento da Caixa Geral de Depósitos (CGD) no Fundo de Resolução - acionista único do Novo Banco - seja pelos custos dos processos legais decorrentes da intervenção no BES.

"Em Portugal, as pirâmides ou castelos de dívidas para formar empresas é legal. Os conglomerados complexos divididos por vários países e jurisdições são legais. As transferências para empresas que ninguém conhece é legal, e até a fuga ao fisco pode ser feita de forma legal em Portugal", acusou.

Mariana Mortágua sublinhou que até "a amnésia é legal em Portugal", isto, porque "há um sistema que não controla a Finança, nem o que os seus agentes estão a fazer".

A parlamentar considerou que "a banca não serve para enriquecer os banqueiros, serve para enriquecer a economia", defendendo a "nacionalização da banca".

E assinalou: "Os banqueiros não podem jogar como se fosse um casino com o dinheiro das nossas poupanças".

A deputada disse esperar que "os partidos saibam aproveitar as lições do caso BES para promover alterações na forma de funcionamento do sistema financeiro", considerando que "a ministra das Finanças e Passos Coelho [primeiro-ministro], ao garantirem que não há custos para os contribuintes, não estão a falar verdade".

Para Mariana Mortágua, das duas uma, "ou o Governo se envolveu e não quer dizer porque tem uma narrativa que há uma separação entre o Governo e a supervisão, ou então não se envolveu mesmo e é grave, porque viu cair o terceiro maior banco português".

DN/PPF // ATR

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