Rui Rio mobiliza figuras do Porto contra "boicote" do Governo à Sociedade de Reabilitação
Porto Canal / Agências
Porto, 24 mai (Lusa) -- O presidente da Câmara do Porto reúne-se no sábado com personalidades da cidade para debater o "boicote" do Governo à Sociedade de Reabilitação Urbana e para elaborar uma carta aberta a enviar ao Executivo, anunciou hoje a autarquia.
Durante o encontro, marcado para as 11:00, num hotel do Porto, as figuras mobilizadas pelo autarca social-democrata Rui Rio irão "debater o boicote que o Governo está a fazer à PortoVivo SRU", refere um comunicado do Gabinete de Comunicação e Promoção da Câmara Municipal do Porto.
Também durante o encontro, assinala a nota de imprensa, os presentes "deverão assinar uma carta aberta ao Governo de Portugal, condenando a sua ação, e reclamar um apoio empenhado à Reabilitação da Baixa do Porto e, acima de tudo, uma atitude de respeito pela cidade".
O jornal Expresso adiantou na quinta-feira, na sua edição online, que Rui Rio "junta notáveis contra o Governo", como o bispo do Porto, políticos do PS e PSD, empresários e académicos, numa carta aberta ao Governo "Em defesa do crescimento económico e do respeito pelo Porto".
Nesta carta que o Expresso revelou, e que poderá sair como conclusão da reunião de sábado, Rui Rio e os 50 primeiros signatários apelam "ao Governo de Portugal que pondere toda a atuação do Estado na Porto Vivo -- Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), que não provoque a falência da empresa, que pague a sua dívida, que colabore ativamente no projeto de reabilitação da baixa portuense e de animação da atividade económica e que não desconsidere o Porto".
"A cidade não tolera desconsiderações, como historicamente sempre aconteceu", sublinham, segundo aquele semanário, defendendo que o Estado deve pagar os 2,4 milhões de euros que deve à SRU.
Os signatários criticam o facto de o representante do Estado ter votado "contra todos os pontos da ordem de trabalhos" na assembleia-geral da Porto Vivo, em abril.
Afirmam ainda que, "com estas atitudes de tão fraco sentido de responsabilidade, o Governo diz ostensivamente aos portugueses em geral, e aos portuenses em particular, que, no Porto, a reabilitação urbana não faz parte do seu programa de ação, por muito que, no discurso político, reafirme à exaustão o seu empenho nesta causa".
"Há nesta atuação, para além de uma incompreensível agressão à economia local e nacional, uma notória falta de respeito pelo Porto, cuja razão de ser escapa a qualquer lógica de racionalidade e razoabilidade", acrescentam.
O bispo do Porto, Manuel Clemente, o general Pires Veloso, os empresários Américo Amorim e Belmiro de Azevedo, o banqueiro Artur Santos Silva, os jornalistas e historiadores Germano Silva e Hélder Pacheco, o presidente não executivo da BIAL, Luís Portela e o vereador do PS na Câmara do Porto Correia Fernandes subscrevem o documento.
Juntam-se-lhes, entre outros, o diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, Manuel Sobrinho Simões, o reitor da Universidade do Porto, Marques dos Santos, o deputado socialista e ex-ministro Alberto Martins, os ex-ministros de governos socialistas Luís Braga da Cruz e Daniel Bessa e o presidente da Casa da Música, Dias da Fonseca.
O presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) revelou, em abril, que aquele organismo reprovou as contas da Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo relativas a 2012 para evitar a insolvência da empresa.
O IHRU avisou que "já não" pretende pagar a dívida de 2,4 milhões de euros à empresa, que se encontra sem presidente desde dezembro, nem aprovar as contas de 2012.
A verba de 2,4 milhões de euros diz respeito à reposição do prejuízo da empresa em 2010 e 2011, que há um ano o IHRU prometeu pagar.
O presidente da Câmara do Porto tem vindo a lamentar que o que o IHRU considera como prejuízo corresponda a "investimento", afirmando que os 5,5 milhões de euros gastos no quarteirão das Cardosas arrastaram "mais de 90 milhões de euros de investimento privado".
JAP/JGJ (LIL/ACG) // MSP
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