Pequenos agricultores, investigadores e repórteres invadiram vinhas de Viseu

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Porto Canal / Agências

Viseu, 25 mar (Lusa) -- Agricultores, investigadores e repórteres de palmo e meio invadiram hoje as vinhas de seis quintas de Viseu para aprenderem sobre a formação dos cachos das uvas que, daqui a alguns meses, se tornarão vinho do Dão.

Acompanhadas de professores e alunos das escolas superiores Agrária e de Educação de Viseu, mais de 60 crianças foram ao início da manhã distribuídas pelas quintas de Reis, Vinha Paz, Turquide, Lemos, Falorca e Pedra Cancela, no âmbito da Academia Dão Petiz.

Este projeto educativo promovido pela Câmara de Viseu arrancou hoje e pretende envolver crianças dos seis aos doze anos em atividades de vários ciclos da terra, começando por um dos que é mais característico da região: o da vinha.

Na Vinha Paz, o vento frio que se sentia não tirou o sorriso às crianças, nem esmoreceu a sua curiosidade.

"Há três meses andou aqui o senhor Zé a fazer a poda", começou por explicar ao grupo dos pequenos agricultores Henrique Moniz, da quarta geração da família proprietária da Vinha Paz.

Ao grupo constituído pela Leonor, a Maria Inês, a Maria Miguel, o Pedro e o Alexandre, Henriques Moniz mostrou "a flor a nascer" que, se for cortada, impedirá a videira de dar uvas.

As perguntas não tardaram: "Como se chama a flor", "quantos anos tem essa videira", "para que serve esse fio" foram algumas das muitas dúvidas que teve de esclarecer.

Uma das mais curiosas era Maria Miguel, de sete anos, que apesar de viver na cidade vai frequentemente à quinta de uma prima e à dos avós.

"A dos meus avós é mais pequena, só tem a vinha e depois o meu avô faz vinho", contou à agência Lusa.

A acompanhar o grupo dos agricultores estava Patrícia Rodrigues, aluna da Escola Superior Agrária, que considerou esta experiência muito enriquecedora quer para as crianças, quer para os monitores.

"O importante desta atividade é que elas fiquem um bocadinho com o gosto de virem um dia a ter uma vinha e percebam que é importante trabalhar a terra e daqui a uns meses ver os frutos", afirmou.

Munidas de câmara de filmar, gravador e bloco de notas andavam as repórteres Teresa, Alice e Vera, que quiseram entrevistar Henrique Moniz e saber mais sobre o seu dia-a-dia.

"É preciso acordar muito cedo para vir para as quintas?", perguntou-lhe Vera Rebelo, de nove anos, tendo ficado a saber que na Vinha Paz o horário de trabalho nesta altura do ano é das 08:00 às 17:30.

Rita Lourenço, uma das alunas da Escola Superior de Educação que acompanhava o grupo dos repórteres, disse estar a adorar a experiência de ser monitora.

"É um projeto educacional realizado ao ar livre muito importante para que as crianças conheçam um pouco do que faz parte da cultura de Viseu", frisou.

No terceiro grupo, os investigadores Diogo, Maria, Miguel e Marta estiveram a analisar a cor, a textura, a humidade e a matéria orgânica e inorgânica do solo, registando tudo devidamente numa tabela.

Maria Sousa, de oito anos, mostrou-se muito entusiasmada por perceber um pouco mais da constituição do solo, até porque já está habituada a ajudar a avó a plantar legumes.

"A minha avó criou umas plantações só para nós tratarmos. Alfaces, cenouras e tomates são o que eu mais costumo plantar, mas sobre a vinha não sabia muita coisa", admitiu, acrescentando que agora já aprendeu, por exemplo, "que os olhos da videira são aqueles pauzinhos que vêm para fora".

Também os irmãos Maria Inês e Pedro, de dez e sete anos, respetivamente, apesar de viverem num apartamento na cidade, vão regularmente para a quinta dos avós.

"O meu avô tem uma quinta numa aldeia onde há animais e vinhas. A vinha dele é pequenina e todos os outonos vamos fazer a vindima", contou.

A presença das crianças na Vinha Paz levou Henrique Moniz a recordar a sua infância, quando começou a ganhar o gosto por esta área e a participar na pisa a pé, que ainda hoje se mantém na quinta.

"Nessa altura, o vinho era um bocado para casa e um bocado para a cooperativa, mas havia sempre a tradição de, em setembro, toda a família se juntar para fazer o vinho", contou.

As crianças vão continuar a aprender sobre o ciclo da vinha em mais quatro dias dos próximos oito meses. O objetivo é, nos próximos anos, adicionar novos ciclos da terra, como os do pão, do linho, do queijo e de outros produtos característicos da região.

AMF // SSS

Lusa/fim

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