Inquérito/swap: Governo diz que nunca acusou ninguém da manipulação de documento

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 08 ago (Lusa) -- O Governo disse hoje que nunca "atribuiu responsabilidades" a alguém quanto às inconsistências que encontrou na proposta do Citigroup, para reduzir artificialmente o défice, e que já pediu à Justiça para determinar a origem das alegadas incongruências.

"O Governo assinala que, no que respeita à divulgação pública de uma apresentação powerpoint do Citigroup com inconsistências face à que se encontra na sua posse, não atribuiu responsabilidades sobre as mesmas", disse hoje o Ministério das Finanças em comunicado, acrescentando que "o Governo limitou-se a apontar as incongruências óbvias entre ambos os documentos".

O gabinete liderado por Maria Luís Albuquerque afirmou ainda que o Executivo já pediu "às entidades competentes o apuramento completo dos factos".

O Departamento de Investigação e Ação Penal anunciou esta quarta-feira a abertura de um inquérito para investigar eventual "ilícito criminal" na alegada manipulação do documento divulgado pela comunicação social.

A nota das Finanças acontece depois de, na terça-feira à noite, terem enviado um comunicado que chegou a apenas alguns órgãos de comunicação social, e que dizia que foi manipulado o documento que implica o secretário de Estado do Tesouro demissionário, Joaquim Pais Jorge.

O Ministério justificou a acusação com o facto de o documento na posse dos jornalistas não ter referências cronológicas nem números de página, ao contrário do original que data de 1 de julho de 2005, e disseram ainda que o documento divulgado pela comunicação social tem "um organigrama inverosímil, que não consta da apresentação original", feita pela equipa do Citigroup em 2005.

Já na quarta-feira a SIC revelou que o documento que divulgou, e que o Ministério das Finanças considerou forjado, teve origem na residência oficial do primeiro-ministro, enquanto aquele que o Ministério das Finanças divulgou veio do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública.

O gabinete do primeiro-ministro esclareceu hoje que os documentos divulgados pela SIC e pela Visão não foram fornecidos pelo atual gabinete

Ainda numa nota da direção de informação da SIC e da Visão divulgada quarta-feira à noite, os dois órgãos de comunicação garantiram que "obviamente não forjaram nem manipularam qualquer documento sobre este ou qualquer outro assunto" e pedem que seja dada uma rápida explicação por parte do Governo.

"O Governo deve esclarecer se houve ou não manipulação de documentos públicos, que documentos foram forjados e por quem", refere a nota das direções de informação.

A polémica em torno da apresentação pelo Citigroup, em 2005, de uma proposta de 'swaps' ao governo PS para fugir às regras do Eurostat e baixar artificialmente o défice levaram, na quarta-feira, ao pedido de demissão de Joaquim Pais Jorge, que no início de julho foi empossado secretário de Estado do tesouro por indicação da ministra das Finanças.

IM// ATR

Lusa/Fim

+ notícias: Política

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".

Austeridade: programa de rescisões poderá conter medida inconstitucional - jurista

Redação, 06 mai (Lusa) - O especialista em direito laboral Tiago Cortes disse hoje à Lusa que a constitucionalidade da medida que prevê a proibição do trabalhador do Estado que rescinde por mútuo acordo voltar a trabalhar na função Pública poderá estar em causa.